Ataque a restaurante? Kremlin insiste que só ataca alvos "militares"

O Kremlin afirmou hoje que apenas ataca alvos militares na Ucrânia, após a destruição na noite de terça-feira de um restaurante em Kramatorsk, leste ucraniano, num ataque que provocou pelo menos dez mortos e 61 feridos.

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© Reuters

Lusa
28/06/2023 12:48 ‧ 28/06/2023 por Lusa

Mundo

Dmitry Peskov

"A Rússia não está a atacar infraestruturas civis, está a atacar instalações que estão ligadas, de uma forma ou de outra, a infraestruturas militares", disse aos jornalistas o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.

O ataque destruiu o restaurante Ria Pizza, um local popular no centro da cidade, frequentado por jornalistas, trabalhadores humanitários e soldados. Os meios de comunicação ucranianos noticiaram a presença de instrutores militares estrangeiros na cidade.

O ataque a Kramatorsk foi feito com dois mísseis terra-ar S-300, segundo Kyiv, disparados pelas forças russas, no quadro de um conflito que já entrou no 16.º mês.

Segundo as autoridades ucranianas, entre os mortos conta-se uma rapariga de 17 anos e duas de 14. Um bebé de oito meses ficou ferido mas não corre risco de vida.

O Serviço de Situações de Emergência ucraniano disse que as operações de resgate continuam e que sete pessoas tinham sido retiradas dos escombros com vida.

Segundo Kyiv, entre os feridos encontra-se também a escritora ucraniana Victoria Amelina, que sofreu uma grave fratura no crânio. 

Amelina estava no restaurante no momento do ataque, na companhia do escritor colombiano Héctor Abad e do antigo Alto-Comissário para a Paz da Presidência da Colômbia, Sergio Jaramillo. 

Abad e Jaramillo sobreviveram ao ataque com ferimentos ligeiros, tal como a jornalista colombiana Catalina Gómez, que se encontrava igualmente no mesmo restaurante.  

Segundo Kyiv, este ataque russo contra Kramatorsk foi um dos mais graves das últimas semanas e foi condenado pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. 

Além do restaurante, foram danificados apartamentos, lojas, automóveis, uma estação de correios e vários outros edifícios, segundo o Ministério Público ucraniano.

Um jornalista da agência noticiosa France-Presse (AFP), que se encontrava no local do ataque, viu ambulâncias, polícias, soldados e o presidente da câmara da cidade perto do restaurante, em frente do qual se tinha reunido uma multidão de habitantes.

Ruslan, 32 anos, cozinheiro, com o uniforme coberto de pó, explicou que "havia muitas pessoas" no restaurante no momento do ataque, apontando para o céu: "Tive sorte".

Kramatorsk é um importante centro ferroviário e sede de instalações militares, sendo regularmente alvo de bombardeamentos russos.

O mais mortífero foi o bombardeamento da estação ferroviária, em abril de 2022, que matou 61 pessoas e feriu mais de 160, algumas semanas após o início da invasão russa e no momento em que uma multidão de civis tentava abandonar a cidade.

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