Os grupos Boko Haram e Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP, na sigla em inglês) operam nesta região volátil, na fronteira com o Chade, o Níger e os Camarões.
Desde o início da rebelião do Boko Haram, em 2009, o conflito já causou mais de 40.000 mortos e dois milhões de deslocados na Nigéria, desencadeando uma grave crise humanitária.
"Temos de agir rapidamente para evitar que a situação no nordeste da Nigéria se torne ainda mais catastrófica", afirmou Matthias Schmale, coordenador humanitário das Nações Unidas para a Nigéria, numa conferência de imprensa em Genebra.
Cerca de seis milhões de pessoas precisam de ajuda este ano, em comparação com 5,5 milhões no ano passado, e o número de pessoas em risco de fome severa nos estados de Borno, Adamawa e Yobe ascende a 4,3 milhões, em comparação com 4,1 milhões, há um ano.
"Mais de 500.000 pessoas estão expostas a níveis críticos de insegurança alimentar, a última fase antes da fome. Estamos a fazer soar o alarme", declarou.
O programa de ajuda humanitária da ONU para o nordeste da Nigéria ascende a 1,3 mil milhões de dólares, mas apenas 25% desse montante é financiado.
"O mundo não deve esquecer o povo do nordeste da Nigéria", insistiu Matthias Schmale.
David Stevenson, diretor do Programa Alimentar Mundial (PAM) para a Nigéria, afirmou que, dos 4,3 milhões de pessoas que necessitam de ajuda alimentar no nordeste, o PAM não conseguiu chegar sequer a 1,4 milhões devido às "escolhas difíceis" que teve de fazer.
De acordo com Matthias Schmale, o número de crianças com menos de 5 anos em risco de desnutrição aguda grave e potencialmente fatal duplicou para 700.000 este ano.
Cristian Munduate, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na Nigéria, afirmou: "Estamos realmente a ficar sem os alimentos de que necessitamos".
"No caso da desnutrição aguda moderada, o número de alimentos esgotar-se-á em agosto e, no caso da desnutrição grave - que exige medidas urgentes -, em setembro", apontou.
O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, sucedeu a Muhammadu Buhari em 29 de maio, após as eleições de fevereiro.
"Esperamos que o novo Presidente dê um novo impulso ao financiamento da paz", afirmou Schmale.
Mas advertiu contra o regresso ao conflito e à guerra, afirmando que era necessário proporcionar "coisas básicas para viver uma vida decente, educação, saúde, meios de subsistência".
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