A polícia de choque recorreu a gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes quando alguns deles tentaram ultrapassar as barreiras de proteção, em especial junto ao edifício da Prefeitura (delegação governamental), segundo o relato das agências internacionais.
Desconhece-se, para já, a existência de quaisquer vítimas.
A porta-voz do Ministério do Interior francês, Camille Chaize, indicou que a marcha tinha começado de forma calma, mas que, depois, a situação mudou, tendo sido incendiados vários veículos, contentores e mobiliário urbano.
Segundo a prefeitura de Nanterre, 6.200 pessoas participaram na manifestação, convocada pela mãe do jovem morto pela polícia, que carregavam faixas com várias frases de ordem inscritas, como "Justiça para Nahel" ou "A polícia mata".
Durante a marcha foram ouvidas outras palavras de ordem, como "polícia assassina" e gritos a exigir a demissão do ministro do Interior francês, Gérald Darmanin.
Vários dirigentes do partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI), como Raquel Garrido, Clémentine Autain, Alexis Corbière e Manon Aubry, bem como o secretário nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussel, anunciaram a presença na manifestação.
Nahel, de 17 anos, foi morto na terça-feira passada à queima-roupa por um polícia, quando tentava fugir de um posto de controlo num Mercedes desportivo que conduzia sem carta e que lhe tinha sido apreendido depois de ter cometido várias infrações de trânsito.
O agente que o matou, de 38 anos, alegou inicialmente que tinha usado a arma por considerar que Nahel era uma ameaça à sua integridade física e à do colega com quem fazia o controlo de trânsito.
No entanto, as imagens registadas por testemunhas mostraram que a versão dos factos apresentada pelo agente não se confirmou e que a fuga do veículo não pôs em perigo os dois polícias.
O Ministério Público francês já pediu uma acusação por homicídio voluntário do agente, que foi apresentado a dois juízes de instrução, bem como a prisão preventiva.
Os acontecimentos de terça-feira estão na origem dos tumultos que ocorreram nas duas últimas noites em França, que resultaram na detenção de mais de 180 pessoas e em ferimentos ligeiros em cerca de 170 agentes das forças de segurança, bem como em incêndios de edifícios públicos, como câmaras municipais, escolas, esquadras de polícia e tribunais, e de dezenas de veículos.
Para tentar conter a situação, o Ministério do Interior francês decidiu destacar nas próximas horas para as ruas de todo o país cerca de 40.000 polícias e gendarmes (polícia militarizada), quatro vezes mais do que na noite passada.
Na região de Paris foi decidido que todos os elétricos e autocarros deixarão de circular a partir das 21:00 locais (20:00 em Lisboa). Várias carruagens do metropolitano de Paris foram incendiadas durante os tumultos.
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