Guterres reitera apelo para envio de força internacional para o Haiti

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, reiterou no sábado o apelo para a formação de uma força de intervenção internacional no Haiti, que atravessa uma longa crise política, social e económica.

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Lusa
02/07/2023 05:19 ‧ 02/07/2023 por Lusa

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"Continuo a exortar o Conselho de Segurança [da ONU] a autorizar o envio imediato de uma força de segurança internacional robusta para ajudar a polícia nacional do Haiti na luta contra os grupos criminosos", afirmou no final de uma visita de um dia ao país.

"Não é altura de esquecer o Haiti ou de enfraquecer a nossa solidariedade para com o seu povo", acrescentou o responsável, apelando a todos os parceiros internacionais para que reforcem o apoio à polícia do país caribenho, quer em termos de financiamento, formação e equipamento.

Durante a visita, Guterres reuniu-se com o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, os membros do Alto Conselho para a Transição (HCT, na sigla francesa), as autoridades governamentais, a oposição política e membros da sociedade civil.

"Senti o cansaço de uma população que há demasiado tempo enfrenta uma cascata de crises e condições de vida insuportáveis. Ouvi o seu grito de socorro e o seu grito para ter segurança", afirmou, recordando que uma em cada duas pessoas vive em situação de pobreza extrema no país.

O secretário-geral da ONU apelou à comunidade internacional para apoiar as pessoas necessitadas.

"É uma questão de solidariedade, mas também de justiça moral. O povo haitiano tem direito a esta solidariedade", afirmou, elogiando os trabalhadores humanitários que desenvolvem trabalho no país em condições difíceis.

Guterres descreveu a passagem pelo Haiti como uma visita de solidariedade, que disse ter efetuado com "toda a humildade" enquanto secretário-geral da ONU. A solidariedade, acrescentou o responsável, é para com o povo do Haiti, que enfrenta um ciclo de crises políticas, de segurança e humanitárias.

"A violência brutal dos grupos criminosos está a afetar todos os aspetos da vida pública e privada do país. Porto Príncipe está cercada por grupos armados que bloqueiam as principais estradas que conduzem aos departamentos [geográficos] do norte e do sul. Controlam o acesso à água e aos alimentos", declarou.

Guterres afirmou que continua preocupado com a vulnerabilidade da população, em especial com o impacto desproporcionado desta violência nas mulheres.

"Condeno com a maior veemência possível a violência sexual generalizada utilizada pelos grupos armados como arma para instalar a violência", disse.

Para o líder da organização internacional, é necessária uma nova abordagem que combine as questões políticas e de segurança, o Estado de direito e as preocupações humanitárias. O secretário-geral da ONU defendeu que a melhoria da situação de segurança é uma condição importante para melhorar as condições de vida.

"Todos os dias contam. Se não agirmos agora, a insegurança e a violência terão um impacto duradouro nas gerações de haitianos", afirmou, acrescentando que insistiu nos encontros que teve para a necessidade de encontrar uma solução para a crise.

"O Haiti deve regressar à ordem democrática (...). Apelo a todas as partes envolvidas para que criem as condições necessárias para o restabelecimento das instituições democráticas", apontou.

A visita de Guterres ao Haiti, a primeira enquanto secretário-geral da ONU, foi mantida em segredo até ao desembarque em Porto Príncipe.

Em 15 de maio, Guterres criticou a relutância dos países ocidentais em enviar uma força internacional para tentar pôr fim à crise política, social e económica no Haiti.

Mais de 600 pessoas foram mortas no Haiti em abril, numa "nova vaga de violência extrema" na capital.

A violência dos gangues armados aumentou consideravelmente no desde o assassinato do Presidente Jovenel Moise, em 07 de julho de 2021.

Nos últimos tempos, o país foi também afetado por chuvas torrenciais, um sismo e um surto de cólera.

Leia Também: António Guterres visita Haiti e expressa solidariedade perante violência

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