HRW denuncia novas acusações contra três jornalistas e repressão no Irão
A Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje que três mulheres jornalistas iranianas foram acusadas de "propaganda contra o Estado" e de planear atos "contra a segurança nacional" após terem sido postas em liberdade.
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Mundo Irão
A denúncia da organização internacional de defesa e promoção dos direitos humanos, com sede em Nova Iorque, está contida num comunicado assinado pela investigadora da HRW para o Irão, Tara Sepehri Far, em que apelou às autoridades de Teerão para retirarem as acusações às três jornalistas, numa altura em que, sustentou, a repressão contra a imprensa no país está a tornar-se implacável.
"O poder judicial iraniano começou, uma vez mais, a convocar e a perseguir jornalistas e defensores dos direitos humanos, punindo todos os que se recusam a permanecer em silêncio", afirmou Sepehri Far, acrescentando que as autoridades têm sido "implacáveis na perseguição e punição de todos os que informam sobre questões sociais e queixas", na sequência dos protestos ocorridos no país nos últimos meses.
O julgamento das jornalistas Saeideh Shafiei, Mehrnoush Zarei Henzaki e Nasim Sultan Beigi está agendado para hoje no Tribunal Revolucionário em Teerão e, nos termos do Código Penal Islâmico do Irão, cada uma destas acusações, "propaganda contra o Estado" e "reunião e conspiração para cometer atos contra a segurança nacional", é passível de uma pena de prisão até cinco anos,
As acusações contra Sultan Beigi, que implicam a pena mais severa das três, baseiam-se na sua colaboração com numerosos meios de comunicação social nacionais e estrangeiros, bem como na "falta de cooperação durante o interrogatório e na promoção da remoção do hijab (lenço islâmico)".
Em setembro de 2022, os iranianos saíram à rua para protestar contra a morte da curda iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, sob a custódia da "polícia da moralidade", bem como contra o longo historial de repressão e impunidade do governo.
As acusações contra Shafiei dizem respeito a vários artigos que escreveu na revista mensal 'onlione' Peace Mark sobre temas como o aumento da pobreza e a gestão governamental dos subsídios à energia e dos recursos públicos.
As acusações contra Zarei Henzaki estão relacionadas com artigos sobre leis reprodutivas e o estado dos parques nacionais do Irão.
"As autoridades iranianas reprimiram os protestos internos com força excessiva e letal, matando centenas de manifestantes. Prenderam também dezenas de milhares de manifestantes, bem como centenas de ativistas, jornalistas e defensores dos direitos humanos, com base em acusações duvidosas e proferiram sentenças de morte em julgamentos grosseiramente injustos", afirmou a ONG.
Em fevereiro, as autoridades iranianas anunciaram uma ampla amnistia, que incluía a libertação de muitos dos detidos, bem como perdões ou reduções de penas para todos os que foram presos, acusados ou detidos durante os protestos.
Mas as autoridades iranianas estão agora a convocar vários dos ativistas e manifestantes recentemente libertados, especialmente jornalistas, segundo relatos da comunicação social.
"A comunidade internacional deve manter os casos dos jornalistas e dos defensores dos direitos humanos no centro das suas relações com o Irão", afirmou Sepehri Far, acrescentando que os países "devem exigir que o Irão retire estas e outras acusações ridículas que as autoridades apresentaram contra os jornalistas".
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