"A situação é muito tensa porque o risco de um ato subversivo por parte do regime de Kiev é muito elevado. Um ato subversivo que pode ter consequências catastróficas", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, aos jornalistas.
A Rússia e a Ucrânia têm-se acusado de provocações quanto à possibilidade de um dos dois exércitos atacar a central nuclear, uma das maiores da Europa.
"Devemos tomar todas as medidas para combater esta ameaça", acrescentou, acusando Kiev de ter demonstrado em "numerosas ocasiões" a capacidade de "estar pronta para tudo".
Na véspera, foi o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que avisou o homólogo francês, Emmanuel Macron, numa conversa telefónica, que os russos estavam a "preparar provocações perigosas" na central.
Ao mesmo tempo, o exército ucraniano afirmou na terça-feira que "objectos semelhantes a engenhos explosivos" tinham sido "colocados no telhado exterior dos reactores 3 e 4" e que a sua detonação deveria "dar a impressão de bombardeamento do lado ucraniano".
Nas últimas semanas, Kiev e Moscovo acusaram-se mutuamente de pôr em perigo a segurança da central, enquanto o exército ucraniano conduzia uma contraofensiva nesta região da Ucrânia.
Depois de cair nas mãos do exército russo, em 4 de março de 2022, a maior central nuclear da Europa foi alvo de disparos e cortada da rede elétrica em várias ocasiões.
Segundo Kiev, a Rússia colocou tropas e armas nas suas instalações.
A destruição, em maio, da barragem de Kakhovka, situada no sul ocupado pela Rússia, suscitou preocupações quanto à sustentabilidade do reservatório utilizado para arrefecer os seis reatores da central.
No entanto, a Rússia voltou hoje a negar as acusações ucranianas de que teria colocado explosivos no telhado e insistiu que é Kiev que está a planear "sabotagem" na instalação atómica.
"Por que razão teríamos lá explosivos? É um disparate que visa manter a tensão em torno da central", disse Renat Karchaa, um conselheiro da Rosenergoatom, o operador russo das centrais nucleares.
De acordo com Karchaa, citado pela Interfax, Zelensky "está a mentir com todos os dentes" quando afirma o contrário.
"A destruição do teto das unidades [de energia] é uma ameaça, não nos podemos dar a esse luxo. Alguém neste caos precisa de manter a sanidade mental", disse Karchaa.
"A detonação não deve danificar os geradores, mas servirá para dar a impressão de bombardeamentos do lado ucraniano", segundo avançou o Exército, avisando que Moscovo "usará a desinformação sobre este assunto".
Depois de cair nas mãos do Exército de Moscovo, a 04 de março de 2022, logo a seguir ao início da invasão russa, a 24 de fevereiro do ano passado, a maior central de energia atómica da Europa foi alvo de vários ataques, que ambas as partes negam a autoria, e teve a rede elétrica cortada em várias ocasiões.
De acordo com Kiev, a Rússia colocou tropas e armas no seu complexo.
A 22 de junho, Zelensky acusou a Rússia de planear um "ataque terrorista" envolvendo uma fuga de radiação na central de Zaporijia, acusação imediatamente descartada e descrita como uma mentira pelo Kremlin.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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