A agência das Nações Unidas refere que desde o início da guerra em larga escala, na sequência da invasão militar russa de 24 de fevereiro de 2022, 8% da população deslocada necessita de urgente ajuda financeira.
"Com tantas pessoas deslocadas há um ano, ou mais tempo, as suas poupanças foram delapidadas e surgiram diversas vulnerabilidades que prejudicaram a resiliência dos ucranianos afetados pela guerra", indica Anh Nguyen, chefe de missão da OIM na Ucrânia.
"A nível nacional, menos de metade dos deslocados têm um emprego. As dificuldades financeiras influenciam as decisões que as pessoas deslocadas fazem sobre o seu futuro, seja recolocação, regresso ou integração", acrescentou.
Uma prolongada deslocalização torna as pessoas mais vulneráveis e sem capacidades financeiras, com poucos apoios para uma solução duradoura relacionada com a sua situação, que possa incluir integração ou regresso.
A ausência de oportunidades de emprego para as pessoas deslocadas significa que uma família nesta situação tem menos hipótese de integração nessa comunidade. O falhanço do processo de integração poderá contribuir para o aumento da confiança em alternativas negativas ou em regressos precoces antes que seja seguro regressar às zonas de origem.
Segundo o relatório, 65% dos deslocados internos vivem em habitações familiares com um rendimento por cada membro igual ou inferior a 4.666 UAH (cerca de 115 euros), o mínimo de subsistência. O estudo também revela uma crescente tensão intergrupos nas comunidades estabelecidas na Ucrânia, em particular nas que estão confrontadas com diferentes níveis de acesso ao apoio social e humanitário.
Cerca de um quarto da população deslocada a nível interno indicou que considera abandonar a sua atual localização, e 3,3 milhões pretendem eventualmente regressar. O primeiro motivo reside no desejo em retomar uma vida normal, por sentir a falta da sua casa ou por motivos sentimentais (64%), seguido da intenção de se juntar à sua família (25%), garantir uma propriedade no local de origem (22%), por motivos económicos como a possibilidade em obter um salário (21%) ou baixa perceção de segurança na atual localização (3%).
Cerca de metade regressou de outras regiões do território da Ucrânia, com cerca de um terço a regressar de locais nas regiões de onde eram provenientes, em particular as regiões de Chernihiv, Mykolaiv e Kharkiv. As três principais regiões para onde as pessoas estão a regressar incluem a Cidade de Kiev, Lviv e Vinnytsia.
Entre os 1,1 milhões que regressaram de outros países, a maioria foi proveniente da Polónia (39%), seguido da Alemanha (9%), Itália (7%), República Checa (6%) e Bulgária (5%).
Perto de 50% do total de pessoas que considerados deslocados internos apenas permanecem concentrados em cinco regiões, designadamente Kharkiv, Dnipropetrovsk, Kiev e Odessa, e a Cidade de Kiev -- estas regiões permanecem nos lugares cimeiros para o acolhimento de deslocados desde janeiro de 2023.
Mais de um quarto das pessoas permaneceu na sua região ou mesmo no seu distrito enquanto possível, na esperança de regressarem com segurança ou por não possuírem meios para se dirigirem a outras regiões. A maioria dos civis deslocados é proveniente do leste da Ucrânia.
A OIM indica que estes dados foram baseados numa estimativa da população total da Ucrânia no final de maio de 2023, com o apoio da União Europeia e dos governos do Canadá, Coreia do Sul, Reino Unido Alemanha, França e Bélgica.
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