Extradição de Chang para EUA é "vitória da justiça perante a impunidade"

O ativista e antigo coordenador do Fórum de Monitoria e Orçamento Adriano Nuvunga considerou hoje uma "vitória da justiça perante a impunidade" a extradição do ex-ministro das Finanças moçambicano Manuel Chang para os Estados Unidos da América (EUA).

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Lusa
12/07/2023 17:12 ‧ 12/07/2023 por Lusa

Mundo

Moçambique/Dívidas

"O mais importante é o significado político da vitória da justiça perante a impunidade", afirmou Nuvunga, que era o coordenador do Fórum de Monitoria e Orçamento (FMO), quando esta entidade, que congrega diversas organizações da sociedade civil, apresentou vários recursos na justiça sul-africana para travar a extradição de Manuel Chang para Moçambique, defendendo a transferência do antigo governante para a jurisdição norte-americana.

Aos 63 anos, Manuel Chang foi detido em 29 de dezembro de 2018 no Aeroporto Internacional O. R. Tambo, em Joanesburgo, a caminho do Dubai, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA em 27 de dezembro, pelo seu presumível envolvimento no chamado processo das dívidas ocultas secretamente contraídas em Maputo.

Durante este período, o ex-governante moçambicano, tido como a "chave" no escândalo das dívidas ocultas, enfrentou, na África do Sul, sem julgamento, dois pedidos concorrenciais dos Estados Unidos e de Moçambique para a sua extradição do país.

"Manuel Chang era poderoso e intocável, mas hoje está a ir para a América", enfatizou o ativista social e diretor do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização não-governamental (ONG) moçambicana.

Nuvunga apelou à justiça norte-americana para assegurar que o julgamento do antigo ministro das Finanças permita chegar aos "mandantes" do caso das dívidas não declaradas e aos contornos que levaram à dissipação do dinheiro angariado nesse esquema.

Adriano Nuvunga sublinhou que casos como o das dívidas ocultas são uma das razões para o "sofrimento" a que o povo moçambicano tem sido votado, devido ao "descaso com a coisa pública".

Nuvunga assinalou que os ativistas da sociedade civil moçambicana que se bateram pela extradição de Manuel Chang para os EUA sujeitaram-se a "ameaças e intimidação".

O antigo ministro das Finanças de Moçambique foi entregue hoje de manhã a agentes policiais norte-americanos em Joanesburgo e extraditado em jato particular para os EUA, disse à Lusa fonte governamental sul-africana.

"O Ministério da Justiça pode confirmar que o senhor Manuel Chang foi entregue às agências da lei dos Estados Unidos da América, onde se espera que seja julgado por uma variedade de assuntos relacionados com fraude, entre outros", avançou à Lusa Chrispin Phiri, porta-voz do ministro da Justiça da África do Sul.

As autoridades norte-americanas alegam que o antigo governante conspirou com banqueiros do Credit Suisse e promotores internacionais para endividar o país em projetos marítimos, como a compra de uma frota contra a pirataria marítima, que acabaram por nunca se concretizar.

Moçambique contraiu empréstimos de quase 2 mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) para projetos marítimos, mas não os reportou aos parceiros internacionais nem os refletiu nas contas públicas, e quando não pagou as prestações isso desencadeou um 'default' que atirou o país para uma crise económica e financeira.

Leia Também: Moçambique: África do Sul entregou e extraditou Manuel Chang para os EUA

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