"Gratidão" para Kyiv, "emoções" para o Reino Unido? Entenda a polémica
O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, explicou, esta sexta-feira, o que quis dizer quando disse que as "pessoas gostavam de ver gratidão". Perceba o que está em causa.
© Antonio Masiello/Getty Images
Mundo Guerra na Ucrânia
O ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, reagiu nas redes sociais, esta sexta-feira, à ‘polémica’ que foi deixada na Cimeira da NATO, durante a qual Londres e Kyiv trocaram algumas palavras sobre agradecimentos no âmbito da guerra.
“Quer se goste ou não se goste, as pessoas gostam de ver gratidão", disse Wallace, em declarações à imprensa no decurso da cimeira da NATO em Vilnius, Lituânia, ao assinalar que a Ucrânia estava a tentar convencer vários países a fornecerem as suas reservas de armamento.
Em comentários citados por diversos média britânicos, incluindo o Times of London, The Guardian e The Independent, o ministro disse ter escutado "queixas" de deputados no Congresso, em Washington, nos Estados Unidos, e tendo mencionado mesmo a frase “não somos a Amazon”.
Recorrendo às redes sociais, Wallace explicou ‘tim tim por tim tim’ as suas declarações, considerando que algumas foram mesmo “mal interpretadas”.
Adiantando que estava a falar sobre os desafios que podem acontecer quando se trabalha para o objetivo “comum” de ajudar a Ucrânia naquilo de que precisam, Wallace escreveu: "Falei sobre a necessidade de a Ucrânia às vezes reconhecer que em muitos países e em alguns parlamentos não há o apoio forte que existe no Reino Unido […]. Não foi um comentário sobre governos, mas mais sobre cidadãos e deputados da comunidade internacional".
O ministro apontou que o Reino Unido era um dos países onde a taxa de apoio para equipar a Ucrânia eram dos mais altos a nível europeu, rondando os 70%.
“O que meus comentários procuraram refletir é que é importante lembrar de não falarmos sozinhos, mas de nos esforçarmos para alcançar os outros cidadãos que ainda precisam ser persuadidos”, detalhou.
Quanto aos comentários onde foi mencionada a empresa de entregas Amazon, Wallace esclareceu que estes foram feitos o ano passado. “Foram feitos para destacar que as relações do Reino Unido com a Ucrânia não eram ‘transacionais’, mas sim de ‘parceria’”, justificou.
O governante referiu ainda que os parlamentos, em geral, têm por vezes necessidades que entram em conflito.
Eu não prestaria muita atenção ao que ele disse”
As reações...
Max Blain, o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, apressou-se a minimizar os comentários do governante. "Penso que ouviram repetidamente o presidente [ucraniano, Volodymyr] Zelensky a referir-se hoje à sua gratidão para com o povo do Reino Unido pelo seu apoio e generosidade", disse o porta-voz, acrescentando que "o governo e o povo do Reino Unido continuarão a apoiar firmemente" a Ucrânia.
Também o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acabou por reagir às afirmações de Wallace: "Sempre nos mostrámos gratos ao Reino Unido, aos primeiros-ministros e ministros da Defesa, porque sempre nos apoiaram (...) Não percebi o que [Wallace] quis dizer e de que outra maneira podíamos estar mais agradecidos. Podíamos levantar-nos de manhã e expressar a nossa gratidão ao ministro pessoalmente", atirou.
Já na quinta-feira, Kyiv voltou a reagir à polémica, tendo o secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia desvalorizado as declarações de Wallace.
“Eu não prestaria muita atenção ao que ele disse”, disse Oleksiy Danilov, em declarações à publicação britânica The Guardian. "Toda a gente pode dizer algo quando está com as emoções à flor da pele e depois arrepender-se... Tenho a certeza de que não é o que ele pensa", acrescentou.
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