Fonte do gabinete de comunicação do chefe de Estado brasileiro disse à agência Lusa que, cerca das 16:00 (hora local, menos uma em Lisboa), Lula da Silva aterrou na base aérea de Melsbroek, o aeroporto militar de Bruxelas, no avião oficial da Presidência com a sua comitiva para dois dias da cimeira UE-CELAC, que não se realiza desde 2015.
Numa mensagem publicada na rede social Twitter no sábado à noite, Lula da Silva considerou que esta cimeira "será um espaço importante para aprofundar relações" entre as regiões e disse esperar "dias de muito trabalho pelo desenvolvimento do Brasil".
De acordo com a agenda de Lula da Silva, enviada à Lusa, para segunda-feira estão previstas reuniões com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a participação no fórum empresarial UE-América Latina e, para terça-feira, está prevista a participação na reunião do Partido Socialista Europeu, à margem da cimeira.
Para já, não há indicação de qualquer encontro bilateral com o primeiro-ministro português, António Costa, mas, segundo o gabinete de comunicação de Lula da Silva "a agenda pode mudar".
Mais de 50 líderes da UE e da América Latina reúnem-se na segunda e terça-feira em Bruxelas para reforçar os laços diplomáticos, após oito anos sem cimeiras, um evento já marcado por divergências sobre a declaração final.
Fontes europeias explicaram que esta que é a terceira cimeira da UE com a CELAC, após a última se ter realizado em 2015, e que se vai focar no relançamento da parceria entre as duas regiões para as preparar para os novos desafios, como as consequências da covid-19 e da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
O regresso ao poder do Presidente brasileiro, Lula da Silva, também faz com que este seja o momento propício, segundo as mesmas fontes diplomáticas comunitárias, para discutir este reforço dos laços diplomáticos do bloco europeu e latino-americano, dada sua a posição pró-europeia.
Ainda assim, apesar da vontade comum de estreitar laços entre as regiões, a declaração final da cimeira está a causar divergências entre o bloco europeu e latino-americano, num trabalho ainda em curso ao nível dos embaixadores, após oito rascunhos e de o texto ter passado de 13 páginas para três na versão mais recente.
A causar maior fricção está a referência ao acordo da UE-Mercosul - o Mercado Comum do Sul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - por haver países que no bloco comunitário (como França e Áustria) contestam essa menção por razões comerciais e ambientais.
Outro dos pontos divergentes é referente à inclusão de uma menção à Ucrânia na declaração final, dadas as diferentes posições no bloco latino-americano (nomeadamente por parte do Brasil), estando para já apenas prevista a condenação, em termos gerais, do conflito.
A gerar consenso entre os dois blocos está a intenção de fazer cimeiras com mais regularidade, de dois em dois anos, estando a próxima prevista para a Colômbia em 2025, e de criar um mecanismo de cooperação permanente para reuniões regulares.
Em termos mundiais, a UE e a CELAC representam quase 60 países, cerca de um terço do território, 14% da população (mil milhões de pessoas) e 21% do Produto Interno Bruto.
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