Família levou 16 meses para identificar veterano morto em Bucha

Roman Shadlovskyi fez 27 anos duas semanas antes de ser capturado pelos russos. Para os seus amigos e familiares, o acontecimento deu origem a semanas de incerteza e de espera que prolongaram o seu luto e anularam as suas tentativas de lidar com a perda.

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© Maxym Marusenko/NurPhoto via Getty Images

Notícias ao Minuto
18/07/2023 20:15 ‧ 18/07/2023 por Notícias ao Minuto

Mundo

Guerra na Ucrânia

Terminou, após 16 meses, o calvário de uma família que lutava para identificar (e homenagear) um familiar que morreu na cidade ucraniana de Bucha, às mãos das forças de Moscovo.

A história é contada pela Associated Press, dando conta de que a lápide do veterano ucraniano ostenta agora a sua fotografia e a data de nascimento, junto de uma data de óbito que não passa de uma estimativa. Lê-se "março de 2022", o mês em que as forças russas mataram brutalmente civis e militares antes de terminarem a ocupação de Bucha.

O corpo de Roman Shadlovskyi foi encontrado cerca de três meses depois numa vala comum, juntamente com os restos mortais de seis outras pessoas, numa floresta nos arredores da cidade, perto da capital da Ucrânia.

Longos meses depois, moradores e familiares reuniram-se no cemitério de Bucha esta terça-feira, para dar-lhe um enterro digno.

"Levaram-no no dia 4 de março, mas não sabemos quando o torturaram e durante quanto tempo o torturaram", disse Zynaida Nedoleshko, uma tia que ajudou a criar este jovem e que lhe era muito próxima. E apontou: "Não sabemos quando é que ele morreu".

Roman Shadlovskyi fez 27 anos duas semanas antes de ser capturado pelos russos. Para os seus amigos e familiares, o acontecimento deu origem a semanas de incerteza e de espera que prolongaram o seu luto e anularam as suas tentativas de lidar com a perda.

"Andámos à procura dele durante 103 dias. E no 103.º dia, recuperaram os seus restos mortais", recorda a tia.

Foi necessário mais um ano para confirmar a identidade deste veterano por meio de testes de ADN. Alguns dos corpos recuperados juntamente com o de Shadlovskyi tinham as mãos atadas e sinais de tortura, afirmou Mykhailyna Skoryk-Shkarivska, vice-presidente da Câmara Municipal de Bucha.

Antes do seu funeral e enterro esta terça-feira, o combatente foi enterrado, apenas identificado por um número, num cemitério local, juntamente com dezenas de outros corpos também em condições semelhantes encontrados na zona após a retirada das tropas russas. Os seus restos mortais foram exumados apenas algumas horas antes da cerimónia.

Leia Também: Da invasão "justa" à "encenação em Bucha". A entrevista de Lavrov

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