"De acordo com os dados que conseguimos recolher, de setembro de 2022 a maio de 2023, mais de 2.100 crianças ucranianas foram transferidas ilegalmente dos territórios ocupados da Ucrânia", disse à agência EFE o ex-ministro da Cultura bielorrusso no exílio, Pavel Latushko.
O ex-governante bielorrusso indicou que esta movimentação de crianças partiu de 15 cidades ocupadas em território ucraniano.
Latushko adiantou que os menores ucranianos foram transferidos para cinco campos na Bielorrússia, quatro dos quais na região de Minsk, e um na região de Gomel.
"A decisão sobre o financiamento e a organização da transferência de crianças ucranianas para a Bielorrússia é tomada pessoalmente pelo (Presidente) Alexander Lukashenko (...)", afirmou.
O dinheiro para financiar a deportação forçada das crianças provém do orçamento da União Estatal Rússia-Bielorrússia e os documentos relevantes foram assinados pelo próprio Lukashenko, disse o líder da oposição.
"Temos números, datas e cópias desses documentos. Também temos documentos assinados pelo secretário de Estado da União Estatal, Dmitry Mezentsev", garantiu.
Mezentsev disse em junho que cerca de 2.000 crianças das regiões ucranianas de Donetsk e Lugansk visitaram "sanatórios" na região de Minsk, mas que isso foi feito de acordo com os procedimentos legais e com o consentimento dos seus pais ou tutores.
Mas de acordo com o líder da oposição, existem também "provas de que estas crianças estão a ser reeducadas no território da Bielorrússia" por "propagandistas russos e bielorrussos e várias organizações", a fim de mudar a perceção da sua terra natal.
Além disso, a sua equipa diz ter "provas de que vários órfãos, depois de terem ficado na Bielorrússia, terem sido transferidos para a Rússia para aí residirem, e não regressar ao território da Ucrânia".
Por seu turno, o Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitry Kuleba, pediu hoje um mandado de captura para Shevtsov por ter "confessado publicamente o crime de deportação ilegal de crianças das zonas ocupadas da Ucrânia".
O TPI emitiu em março um mandado de captura contra o Presidente russo, Vladimir Putin, por ser "alegadamente responsável" pela deportação ilegal de crianças e pela sua transferência da Ucrânia para a Rússia.
Este Tribunal Internacional emitiu ainda outro mandado de captura contra a comissária presidencial para os direitos das crianças na Rússia, Maria Lvova-Belova, que adotou um menor da cidade ucraniana de Mariupol.
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