"Tornou-se um modelo de negócios lucrativo para o crime organizado. Comercializam sonhos e vidas humanas. Devemos acabar com este modelo de negócios cínico", disse a líder europeia durante um discurso em Roma, citada pela agência EFE.
A capital italiana sediou hoje um encontro entre líderes e representantes de organismos multilaterais para promover a reforma da migração da líder de extrema-direita italiana, Giorgia Meloni.
A convocatória, anunciada sob o título "Conferência Internacional sobre Desenvolvimento e Migração", aproveitou a presença em Roma de numerosos responsáveis para a Cimeira das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares, que começa na próxima semana na sede da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês).
"Estamos ligados pelo Mediterrâneo. Mas a cooperação entre o norte e o sul, o leste e o oeste do Mediterrâneo nem sempre foi a norma. Queremos mudar esta abordagem", assinalou a líder europeia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, concordou com Meloni ao defender uma sinergia entre política migratória e projetos de desenvolvimento financiados pela União Europeia (EU): os países que recebem ajuda comprometem-se a reforçar as fronteiras e, por sua vez, o impulso económico nos países de origem impediria o êxodo de pessoas.
Nesse sentido, declarou que depois de "acabar" com a dependência da Rússia, a UE olha agora para África como o principal fornecedor de energia limpa: "Toda a região tem recursos naturais como sol, vento e imensas paisagens em abundância".
Por isso, pediu que a Europa e África estabeleçam uma "nova associação estratégica" baseada "no desenvolvimento económico e humano, no comércio, no investimento e na gestão das migrações".
Minutos antes, Meloni voltou a retórica contra a imigração para vinculá-la a projetos de desenvolvimento: "Muito se tem falado sobre o direito de emigrar, mas também devemos falar sobre o direito de não migrar, de não abandonar a própria casa e família".
A primeira-ministra italiana passou meses a promover um programa de investimentos italianos em África chamado "plano Mattei", do qual poucos detalhes são conhecidos, e continuou a fortalecer os laços com a Argélia e a Tunísia iniciados pelo seu antecessor Mario Draghi.
Por seu lado, Von der Leyen destacou o programa Global Gateway, o programa de investimentos de 300.000 milhões de euros com o qual a UE quer contrariar a influência da China nos países em desenvolvimento.
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