O chefe dos serviços secretos do Ministério da Defesa da Ucrânia, Andri Yusov, afirmou que a saída da Rússia do acordo foi orquestrada "muito antes do anúncio formal desta intenção", divulgada por Moscovo em 17 de julho.
Yusov disse que a Ucrânia obteve provas de que a Rússia obstruiu as inspeções dos navios e reduziu a quantidade de cereais ucranianos a enviar para o estrangeiro enquanto o acordo esteve em vigor.
Disse que parte do plano também incluía ataques a infraestruturas e instalações de armazenamento nos portos ucranianos, como os recentes ataques em Odessa.
A Rússia é um "pirata global" que "está a travar uma guerra absolutamente genocida", afirmou Yusov, citado pela agência espanhola Europa Press.
A Rússia justificou a decisão de se retirar do acordo com o bloqueio das sanções ocidentais às exportações dos seus produtos e fertilizantes agrícolas.
As sanções foram impostas à Rússia por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
O acordo que permitiu desbloquear a exportação de cereais bloqueados em portos ucranianos devido à guerra envolve a Ucrânia, a Rússia, a Turquia e as Nações Unidas.
As acusações de Kyiv têm por base um alegado relatório russo destinado aos dirigentes de Moscovo com referência a medidas de sabotagem.
Tais medidas, "impossibilitaram Kyiv de exportar cerca de 20 milhões de toneladas", lê-se no documento divulgado pelos serviços secretos ucranianos na rede social Telegram e citado pela agência espanhola EFE.
Os serviços secretos ucranianos concluíram que o documento indica que as ações da Rússia para perturbar o acordo sobre os cereais fazem parte de um plano único desenvolvido antecipadamente.
Fontes do porto ucraniano de Pivdeni denunciaram repetidamente à EFE, nos últimos meses, o bloqueio, por vezes total, imposto por Moscovo através de inspeções.
"O documento demonstra que todas as ações para sabotar o acordo sobre os cereais faziam parte de um plano único desenvolvido antecipadamente e que o bombardeamento das infraestruturas portuárias ucranianas é apenas mais um passo na sua execução", afirmou a secreta ucraniana.
A Rússia tem atacado os portos ucranianos na região de Odessa, especialmente os terminais de exportação de cereais, numa base quase diária desde há uma semana.
As autoridades da cidade ucraniana de Mariupol também acusaram hoje a Rússia de estar a retirar cereais da Ucrânia para os exportar como produtos russos.
"Os cereais continuam a ser o principal produto que os russos transportam por estrada a partir da Crimeia. As caravanas de camiões não estão a diminuir", escreveu no Telegram o conselheiro municipal de Mariupol, Peter Andriushchenko.
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