Kyiv diz que Wagner procura soldados bielorrussos para atacar a Polónia

O Centro para a Resistência Nacional (CRN), estabelecido pelas Forças de operações especiais ucranianas para promover atividades de subversão no outro lado da frente, disse hoje que o grupo Wagner pretende recrutar soldados bielorrussos dispostos a atacar a Polónia e Lituânia.

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Lusa
27/07/2023 14:05 ‧ 27/07/2023 por Lusa

Mundo

Ucrânia

Estas tentativas de reforçar as fileiras do grupo paramilitar russo estão a decorrer no âmbito da instrução que os membros do Wagner estão a fornecer aos soldados da Bielorrússia em solo bielorrusso, onde se fixaram após a rebelião do seu chefe, Evegueni Prigozhin, contra as chefias militares do Exército russo.

De acordo com soldados bielorrussos que contestam o Presidente Alexander Lukashenko e que estarão em contacto com o CRN ucraniano e participam nos treinos, uma das condições para ser admitido no Wagner será "a disponibilidade de participar em ações militar no território de países vizinhos".

"Em particular, Polónia e Lituânia", indica o CRN ucraniano em comunicado publicado na sua página digital.

Em 23 de julho, Lukashenko assegurou durante um encontro em São Petersburgo com o seu homólogo Vladimir Putin que os paramilitares do grupo Wagner estacionados no seu país lhe pediram "autorização" para atacar a Polónia.

Estas declarações foram interpretadas apenas como uma forma de pressionar a Polónia, o principal país do flanco leste da NATO e um dos mais destacados apoiantes da Ucrânia.

Depois de liderar recentemente a captura de Bakhmut, província de Donetsk, no leste ucraniano, o grupo Wagner rebelou-se contra as lideranças militares russas na noite de em 23 para 24 de junho, após acusá-las de sabotar as atividades dos mercenários e até bombardear os seus acampamentos.

Depois de capturar sem resistência a cidade estratégica de Rostov, no sul da Rússia, o líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, concordou em dar ordem aos seus soldados para fazer meia-volta quando as suas colunas já se encontravam a 200 quilómetros da província de Moscovo, num acordo obtido por mediação do Presidente bielorrusso, aliado do Kremlin, a troco de uma amnistia aos militares amotinados e possibilidade de incorporarem as forças armadas regulares russas ou instalarem-se na Bielorrússia.

A Bielorrússia faz fronteira com a Ucrânia a sul, e também com a Lituânia, Letónia e Polónia, o que suscita receios sobre possíveis ações dos elementos Wagner que para lá se deslocaram contra território ucraniano, em plena contraofensiva contra as forças invasoras russas, ou contra estes três países da NATO e da União Europeia.

Na semana passada, foi noticiado que mercenários do Grupo Wagner iniciaram exercícios conjuntos com tropas bielorrussas, levando a Polónia a aumentar a sua presença militar nas fronteiras.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

Leia Também: AO MINUTO: Putin vai doar cereais; Bombas de fragmentação em Lugansk?

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