Níger acusam França de aterrar avião apesar de fecho do espaço aéreo
A junta militar nigerina acusou hoje a França de ter aterrado um avião de transporte militar Airbus A400M no aeroporto internacional de Niamey, apesar do encerramento da fronteira decretado pelos militares golpistas.
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Mundo Níger
Uma declaração lida na televisão pública pelo coronel Amadou Abdramane, em nome da junta militar no poder que se autodenomina Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CLSP), afirma que o avião aterrou às 06:30 locais (mesma hora em Lisboa) e apela ao "respeito rigoroso" pelas novas determinações.
No comunicado afirma-se que "foi constatado que o parceiro francês ignorou" o encerramento da fronteira decretado pela junta militar e apela "de uma vez por todas ao respeito estrito" das decisões do CLSP.
O documento é assinado pelo "presidente do CLSP", cujo nome não é conhecido, e é o número 4 dos que foram lidos pelo grupo de militares, apoiados pelo exército do Níger, que fizeram um golpe de Estado em Niamey na quarta-feira e mantêm sob custódia o Presidente do país, Mohamed Bazoum.
Os outros três comunicados foram lidos na noite de quarta-feira pelo coronel Abdramane, nos quais a junta militar anunciava o derrube do Presidente, a suspensão das instituições da República, o encerramento das fronteiras terrestres e aéreas e o recolher obrigatório noturno.
Em abril de 2022, o parlamento nigerino aprovou o destacamento no seu território das forças francesas Barkhane e europeias Takuba, que operavam no Mali contra o terrorismo e que foram parcialmente deslocadas na sequência da rutura entre Paris e Bamaco.
O Governo francês redefiniu a sua cooperação antiterrorista com o Níger durante uma visita dos seus ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, em julho do ano passado, quando concordou em estabelecer uma base conjunta em Niamey para coordenar as operações militares no Sahel.
O Níger tem servido de base para as operações francesas na região, depois da saída da força Barkhane do Mali, na sequência do aumento da presença dos paramilitares do grupo russo Wagner, e perante a condenação internacional da preferência maliana pela ajuda russa em vez da ocidental.
A França, antiga potência colonial, tem agora 1.500 soldados no país, para além de cinco 'drones' [aparelhos aéreos não-tripulados] Reaper e pelo menos três caças Mirage, segundo a agência noticiosa francesa AFP, que dá conta da importância da manutenção da estabilidade neste país para a região do Sahel, uma extensa faixa de território em África que se estende desde o Senegal até à Eritreia.
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