"Com o fim de fortalecer a capacidade defensiva dos países do continente, estamos a desenvolver a cooperação nos âmbitos militar e técnico-militar", disse Putin no discurso que proferiu perante dezenas de líderes africanos, no último dia da Cimeira Rússia-África, que terminou hoje em São Petersburgo.
Na intervenção, citada pela agência espanhola de notícias, a EFE, Putin destacou que parte dos fornecimentos foram feitos de forma gratuita, já que o derradeiro objetivo é garantir a soberania e a segurança nacionais.
"A Rússia assinou contratos de cooperação técnico-militar com mais de 40 países de África, aos quais fornecemos uma ampla diversidade de armas e equipamento de defesa", sublinhou o chefe de Estado russo.
Sem chegar aos níveis da antiga União Soviética, a Rússia assinou, desde a anterior cimeira com África, em 2019, contratos no valor de cerca de 10 mil milhões de dólares, o equivalente a perto de 9 mil milhões de euros.
No discurso, Putin disse também que que já perdoou cerca de 23 mil milhões de dólares aos países africanos, anunciando que quer conceder mais 80 milhões de euros para "reduzir o fardo económico" do continente.
"Até agora, a quantidade total de dívida que já cancelámos é de 23 mil milhões de dólares [21 mil milhões de euros] e, depois dos últimos pedidos dos países africanos, vamos alocar mais de 90 milhões de dólares [82 milhões de euros] para o desenvolvimento destes objetivos", disse o chefe de Estado em declarações à agência de notícias estatal russa, a TASS, citada pela homóloga espanhola, a EFE.
"A situação em muitos países africanos é instável, mas isso é o legado do colonialismo", disse o Presidente russo, durante o discurso.
O cancelamento de cerca de 20 milhões de euros surge na sequência de um aumento da dívida pública dos países africanos, confrontados ainda com os efeitos da pandemia de covid-19, mas também com a subida dos preços alimentares e da energia desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
"A situação em muitos países de África é instável, mas isso é o legado do colonialismo", argumentou, vincando que o continente "está a tornar-se num centro de poder" e "uma realidade a ter em conta".
África "está preparada para resolver problemas e, isto, por si mesmo, diz muito, porque antes qualquer iniciativa de mediação estava monopolizada por países pertencentes às chamadas 'democracias desenvolvidas' e esse monopólio terminou", disse Putin, referindo-se à tentativa de mediação do conflito Rússia-Ucrânia por parte de sete países africanos, liderados pela África do Sul.
Passando em revista vários temas importantes para África, Putin disse que o continente devia ter uma voz mais poderosa nas Nações Unidas e garantiu que a Rússia é uma "garantia da segurança económica" do continente.
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