Os participantes na reunião acordaram em "opôr-se ao uso de medidas restritivas unilaterais ilegítimas, incluídas as [sanções] secundárias, assim como prática de congelar as reservas soberanas de ouro e divisas" dos países afetados, segundo o documento, publicado pelo Kremlin.
Reafirmaram também a sua condenação da "chantagem política sobre os líderes de terceiros países para forçar a aplicação" de medidas restritivas.
Foi ainda acordada a continuação da luta "contra a prática do confronto nos assuntos internacionais, contra o desprestígio de Estados por motivos políticos e contra a introdução de medidas restritivas políticas ou económicas com o pretexto de [proteção de] direitos humanos".
Desta forma, a Federação Russa e os países africanos presentes na cimeira de São Petersburgo prometeram opor-se às intenções de outros usarem "acusações infundadas de violações de direitos humanos como pretexto para interferir nos assuntos internos" de países soberanos.
Durante a cimeira, que durou dois dias e reuniu meia centena de representantes de outros tantos países, Putin disse que a Federação Russa e África se opõem a sanções unilaterais que prejudicam países que seguem um "rumo independente", e que criam problemas a nível global.
Isolada na cena internacional desde que invadiu a Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, Moscovo organizou a segunda cimeira Rússia/África reunindo este ano delegações de 49 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado.
A declaração conjunta prevê o reforço da cooperação nos domínios do abastecimento alimentar, da energia e da ajuda ao desenvolvimento.
O texto sinaliza que Moscovo ajudará os países africanos a "obter a reparação dos danos económicos e humanitários causados pelas políticas coloniais ocidentais", incluindo a "restituição dos bens culturais saqueados".
Putin disse que ainda tinha de discutir a situação na Ucrânia com os "países africanos interessados" durante a noite.
Putin anunciou que a cimeira Rússia/África se irá realizar a cada três anos e que será criado um "mecanismo de parceria e diálogo" para "questões de segurança", incluindo a luta contra o terrorismo, a segurança alimentar e as alterações climáticas.
O Presidente russo abordou ainda a passagem progressiva para a utilização das moedas nacionais, incluindo o rublo, nas transações comerciais entre a Rússia e África.
No primeiro dia de trabalhos, na quinta-feira, Vladimir Putin comprometeu-se com entregas gratuitas de cereais a seis países africanos durante os próximos meses, num contexto de preocupação após o abandono por Moscovo do acordo sobre as exportações agrícolas ucranianas.
Desde há vários anos que a Rússia tem vindo a estreitar os seus laços com África, nomeadamente através dos serviços da utilização de mercenários ao serviço do grupo paramilitar Wagner, apresentando-se como um baluarte contra o "imperialismo" e o "neocolonialismo" ocidentais.
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