"No encontro que eu tive com o Presidente Putin a conversa foi isso - qual pode ser a nossa contribuição [de África] para que esse conflito termine, para que a vida deixe de ser cara, os preços dos produtos, dos combustíveis, fertilizantes, cereais [...]. Porque, para podermos progredir na cooperação com a Rússia, precisamos que a Rússia esteja tranquila, para se concentrar", afirmou o chefe de Estado moçambicano, em declarações aos jornalistas em São Petersburgo.
Filipe Nyusi terminou hoje uma visita de trabalho à Rússia que incluiu a sua participação na cimeira com os países africanos e uma reunião com o homólogo russo, Vladimir Putin.
"Avaliamos as relações num bom momento", descreveu, ao fazer o balanço da visita.
O Presidente moçambicano destacou a sugestão de perdão ou conversão da dívida moçambicana -- admitindo apenas que "não é muito valor", embora "significativo" para o país - em "atividades sociais", como na educação ou saúde em Moçambique, ou mesmo na área da agricultura e energia.
"Sugerimos à Federação Russa para olhar para a agricultura - neste caso concreto, para a produção do trigo -, para também olhar para o turismo, as infraestruturas", sublinhou.
Moçambique, garantiu, trabalha com a Rússia numa "base de vantagens mútuas", com utilidade para ambas as partes, e a presença nesta cimeira é explicada por ver o país como "um parceiro em todas as dimensões".
"Também queremos a Rússia em paz", disse, insistindo em que os países africanos, incluindo Moçambique, têm falado sobre o fim do conflito também com a Ucrânia.
Para Filipe Nyusi, a presença de 47 países africanos na cimeira Rússia/África, incluindo 17 chefes de Estado, explica que "estão livres, estão soltos, são soberanos". Por isso, recusou cenários de pressão.
"Não sei quem é que pode ser pressionado, porque cada país tem sua posição. Incluindo as do Ocidente", apontou, garantindo que a posição transmitida por Moçambique foi de defesa do diálogo.
"Não significa que nós apoiamos a guerra, porque acredito que nem Ucrânia, nem a Federação Russa querem a guerra [...]. Não devemos pensar sempre que somos pressionados, mas que se calhar a nossa posição muito pressiona também. Só o facto de dizer que eu penso assim, que tenho que ir dialogar", disse ainda o Presidente de Moçambique, admitindo que todos estão pressionados para resolver o conflito.
"É um esforço coletivo para que o problema tenha uma solução", enfatizou.
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