O alerta de Joseph Wu surge poucos meses antes das eleições presidenciais e num contexto de aumento da pressão política e militar de Pequim sobre a ilha autónoma. A China considera Taiwan parte do seu território e ameaça usar a força para alcançar a reunificação, caso seja necessário.
Citado pela agência France Presse, Wu argumentou que o uso da força teria repercussões numa escala internacional.
"O que precisamos de fazer é explicar à comunidade internacional que qualquer conflito que envolva Taiwan terá consequências desastrosas para o resto do mundo", disse o ministro, citando a invasão russa da Ucrânia, que levou à escassez de alimentos e energia e a uma inflação galopante.
As consequências de um conflito seriam essencialmente comerciais: mais de 50% dos contentores transportados no mundo passam pelo Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental. Esta rota de navegação é um dos "elementos cruciais da segurança e prosperidade internacional", frisou Wu.
O território também detém praticamente o monopólio na produção de 'chips', componentes essenciais para a produção de carros, telemóveis e outros bens eletrónicos.
"Pense nas interrupções na cadeia de abastecimento", disse Wu, em entrevista à AFP. "Esperemos que o Governo chinês não use a força contra Taiwan, porque as consequências seriam muito graves para o mundo", argumentou.
Quando faltam menos de seis meses para as eleições presidenciais de janeiro, Wu afirmou que a ilha está a ser alvo de uma campanha de desinformação "mais sofisticada", destinada a influenciar os votos dos eleitores no território, que tem 23 milhões de pessoas.
"O que a China fez, através do 'uso de táticas de guerra cognitiva', foi mudar a opinião de uma minoria crítica aqui em Taiwan - visando moldar o resultado da eleição", afirmou.
Wu, que pertence ao Partido Democrático Progressista (DPP), tradicionalmente pró-independência, é mais favorável a uma aproximação aos Estados Unidos do que o principal partido da oposição, o Partido Nacionalista (Kuomintang).
A líder de Taiwan, Tsai Ing-wen, não pode concorrer novamente, visto que vai completar dois mandatos.
As tensões entre China e Taiwan ganharam renovada atenção no ano passado, em consequência da invasão russa da Ucrânia, disse Wu.
"A comunidade internacional está a olhar e percebe que Taiwan pode ser o próximo alvo", descreveu o ministro, observando que 2027 é frequentemente apontando como o ano para uma possível invasão pela China.
As autoridades dos EUA estimaram que a China não teria capacidade militar para realizar tal operação antes dessa data.
Taiwan também está a observar os recentes eventos políticos na China "com cautela", inclusive o súbito afastamento do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês Qin Gang.
"Este é um ambiente onde temos que ter muito cuidado com as observações. Não queremos tornar-nos o bode expiatório dos problemas da China", disse Wu.
Taiwan tem enfrentado incursões quase diárias de aviões e navios de guerra chineses na sua zona de defesa aérea.
O aumento da frequência "coloca Taiwan numa situação em que a nossa defesa em profundidade é reduzida, em que o nosso tempo de resposta é reduzido, em que a ameaça militar é mais séria do que nunca", descreveu Wu.
O apoio moral e ajuda militar, especialmente de Washington, são bem-vindos, mesmo que Taiwan não "conte com os Estados Unidos para entrar numa guerra".
"Entendemos que (...) a defesa de Taiwan é da nossa responsabilidade", disse Wu, acrescentando que o território não abdicará "por nada neste mundo" da sua "soberania" e "vida democrática".
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