A tortura e o abuso sexual estão entre os métodos usados pelas tropas russas contra os prisioneiros de guerra detidos em território ocupado pela Rússia, no sul da Ucrânia, concluiu uma equipa de peritos da organização não-governamental (ONG) Global Rights Compliance.
Segundo um relatório da ONG, financiado pelo Reino Unido, pela União Europeia e pelos Estados Unidos da América (EUA), "um grande número de prisioneiros detidos em centros de detenção improvisados" na região de Kherson foi "torturado e violado".
Para a elaboração do relatório, foram analisados 320 casos e relatos de testemunhas em 35 locais diferentes de Kherson, região que foi recuperada pelas tropas ucranianas em novembro, após oito meses sob ocupação russa.
Dos 320 relatos, "43% mencionaram explicitamente práticas de tortura nos centros de detenção, citando a violência sexual como uma tática comum que lhes foi imposta pelos guardas russos", refere um comunicado, citado pela agência de notícias Reuters.
"A verdadeira dimensão dos crimes de guerra cometidos pela Rússia permanece desconhecida", afirmou Anna Mykytenko, consultora jurídica da Global Rights Compliance. "O que podemos dizer com certeza é que as consequências psicológicas destes crimes cruéis para o povo ucraniano ficarão gravadas nas suas mentes durante anos."
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia começou com o objetivo, segundo Vladimir Putin, de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia. A operação foi condenada pela generalidade da comunidade internacional.
A ONU confirmou que quase dez mil civis morreram e mais de 15 mil ficaram feridos na guerra, sublinhando que os números reais serão muito superiores e só poderão ser conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.
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