Numa conferência internacional sobre os "Novos Desafios de Segurança e Defesa", realizada em Angra do Heroísmo, nos Açores, Anders Adlercreutz defendeu que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla original em inglês) "ganha algumas capacidades significativas" com a entrada da Finlândia e da Suécia.
Segundo disse, aqueles países não são um "fardo" para a organização, tratando-se de "duas das potências militares mais capazes da Europa".
"É triste constatar até que ponto o processo de ratificação foi objeto de um jogo político. Uma aliança que depende essencialmente do princípio dos três mosqueteiros - um por todos, todos por um - e que não consegue ratificar rapidamente a adesão de dois candidatos que a reforçam de forma inequívoca, tem um problema", alertou.
A Finlândia entrou na NATO em 04 de abril, tornando-se no 31.º Estado-membro da organização militar.
Já a adesão da Suécia está dependente da posição da Turquia, sendo que o governo turco anunciou na sexta-feira que vai submeter a votação no parlamento a adesão da Suécia à NATO quando este órgão de soberania reabrir, a 01 de outubro, após as férias de verão.
O ministro dos Assuntos Europeus e da Gestão de Propriedade do Governo da Finlândia, que foi o orador principal da conferência organizada pelo Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), afirmou que o seu país teve de "convencer a Suécia a alterar a posição" relativamente à NATO, o que "não foi tarefa fácil".
"Nós, finlandeses, tivemos, por solidariedade, de empurrar suavemente a Suécia para a NATO. E conseguimos, o que me deixa muito feliz", declarou.
Anders Adlercreutz lembrou que a entrada na NATO era um "assunto difícil" na Finlândia, mas vincou que a invasão da Ucrânia pela Rússia fez com que os finlandeses se "fartassem".
"Nós, os finlandeses, somos pessoas pragmáticas. Podemos ser teimosos, mas quando a situação muda, podemos mudar de ideias. Durante demasiado tempo, pensámos que era possível negociar com os russos".
Para o ministro finlandês, a guerra na Ucrânia "expôs muitos problemas", defendendo que a "maioria dos países" europeus "desmantelou os seus sistemas de serviço militar obrigatório e virou-se para forças voluntárias" que "são pequenas e mais adequadas a tarefas limitadas do que à defesa da Europa".
"A Europa tem estado demasiado dependente dos Estados Unidos para a sua defesa. Desmantelámos a nossa indústria de defesa e a nossa prontidão", avisou.
O governante realçou que o "serviço militar obrigatório foi sempre uma constante durante toda a existência" da Finlândia, sendo a "defesa nacional" uma "missão" da população, considerando a Rússia como a "única ameaça militar" à segurança do país.
O início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022 acelerou a adesão finlandesa à Aliança militar euro-atlântica, com quem já mantinha ampla cooperação.
O país partilha mais de 1.300 quilómetros de fronteira com a Rússia, a maior de todos os Estados-membros da União Europeia.
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