Pence evitou testemunhar contra Trump mas é peça central da nova acusação

Mike Pence 'lutou' para evitar testemunhar contra o seu antigo chefe, mas o ex-vice-presidente dos EUA desempenha agora um papel central no novo processo contra Donald Trump, acusado de tentar inverter o resultado das presidenciais de 2020.

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Lusa
02/08/2023 21:47 ‧ 02/08/2023 por Lusa

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EUA

A acusação de 45 páginas é sustentada, em parte, por notas de Pence sobre as suas conversas nos dias que antecederam o ataque ao Capitólio dos EUA, em 06 de janeiro de 2021, noticiou a agência Associated Press (AP).

De acordo com a acusação, se por um lado o magnata republicano de 77 anos tinha o direito de contestar ruidosamente a sua derrota nas presidenciais de 2020, Trump entrou na ilegalidade ao conspirar com outros - não indicados -- para reverter o resultado do escrutínio conquistado pelo democrata Joe Biden.

Entre estas conversas registadas pelo ex-vice-presidente, numa chamada telefónica, a 01 de janeiro de 2021, Trump disse a Pence: "Você é honesto demais". "Você sabe que eu acho que não tenho autoridade para mudar o resultado", respondeu Pence.

Trump e os seus aliados tentaram primeiro convencer Pence a rejeitar ou a não contar votos legítimos dos eleitores presidenciais durante a certificação marcada para 06 de janeiro de 2021, de acordo com a acusação.

Quando isso falhou, Trump mentiu a uma multidão de apoiantes reunidos em Washington, na manhã do assalto ao Capitólio, que Pence tinha o poder de interferir nos resultados das eleições e encaminhou-os ao Capitólio para obstruírem a certificação do voto e pressionarem Pence, diz a acusação.

O assalto ao Capitólio de 06 de janeiro de 2021 obrigou Pence a esconder-se enquanto alguns na multidão gritavam "Enforquem Mike Pence!".

Em Washington, Pence recusou-se a testemunhar perante o comité da Câmara dos Representantes que investigou o ataque de 06 de janeiro, considerando que a investigação era politizada.

Lutou também contra uma intimação que exigia que testemunhasse perante um grande júri, argumentando que, por estar a servir em 06 de janeiro como presidente do Senado, estava protegido pela cláusula de "discurso ou debate" da Constituição, disposição destinada a proteger os membros do Congresso de responder sobre atos legislativos oficiais.

Pence acabou por ceder perante a recusa de um juiz, mas disse que não estava obrigado a responder a perguntas relacionadas com o seu papel como presidente do Senado.

O ex-vice-presidente é um dos candidatos às primárias republicanas para as eleições de 2024, para as quais o principal favorito continua a ser Trump, de acordo com as mais recentes sondagens.

Grande parte do início da campanha de Pence consistiu em denunciar o seu antigo líder, referindo que Trump tinha "exigido que escolhesse entre ele e a Constituição".

"Agora os eleitores serão confrontados com a mesma escolha", apontou.

Apesar das críticas, no mês passado Pence referiu que não acredita que Trump tivesse infringido a lei, em relação aos acontecimentos de 06 de janeiro de 2021 e questionou repetidamente as motivações do Departamento de Justiça para o investigar.

Esta terça-feira à noite, após a divulgação da acusação, Pence voltou a frisar que Trump não está em condições de voltar ao poder.

"A acusação de hoje [terça-feira] serve como uma lembrança importante: qualquer pessoa que se coloque acima da Constituição nunca deve ser Presidente dos Estados Unidos", destacou, em comunicado.

Pence tem lutado para ganhar força na sua campanha. Por um lado, apoiantes leais de Trump culpam-no pela derrota ao não ter utilizado os seus poderes. Por outro, os opositores do ex-presidente culpam Pence por ser cúmplice das ações mais controversas de Trump e por estar ao seu lado durante tantos anos.

Leia Também: Mike Pence condena ações de Trump após eleições presidenciais de 2020

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