Segundo as equipas de emergência que intervieram no campo improvisado de al-Assah, situado a 100 quilómetros da capital e que alberga cerca de uma centena de pessoas, um grande número delas sofreu de insolação, face às altas temperaturas de mais de 40 graus Celsius, ferimentos diversos e desidratação devido à falta de líquidos e de alimentos.
Entretanto, o Ministério do Interior líbio anunciou também hoje ter recebido três novos barcos doados à Guarda Costeira pelas autoridades italianas e pela União Europeia (UE), que serão utilizados em operações de salvamento no mar.
Bruxelas foi duramente criticada em março, depois de um relatório das Nações Unidas ter revelado que altos funcionários da Guarda Costeira e da Direção de Combate à Imigração Ilegal "estão alegadamente ligados a traficantes de droga e a milícias na interceção e detenção de migrantes".
Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), desde janeiro, 9.055 pessoas - 213 delas menores - foram devolvidas pela Tunísia à Líbia, apesar de o país ser considerado "inseguro", tendo 809 morrido e outras 959 estando desaparecidas.
Relativamente à vizinha Tunísia, as autoridades de Tunes assinaram há duas semanas um acordo com a Comissão Europeia (CE) para reforçar as suas fronteiras em troca de investimentos financeiros substanciais - incluindo um pacote de 105 milhões de euros para resgates e "regressos voluntários" - que a Human Rights Watch instou a suspender, considerando que não se trata de um refúgio "seguro" para os migrantes.
No início de julho, cerca de 1 200 africanos subsarianos - incluindo residentes legais e requerentes de asilo - foram expulsos das suas casas e detidos na cidade de Sfax, no centro-leste da Tunísia, o principal ponto de partida para a migração irregular, para serem levados à força para as fronteiras terrestres com a Líbia e a Argélia.
Após mais de uma semana, 600 pessoas que se encontravam do lado líbio foram realojadas pelo Crescente Vermelho em centros de acolhimento no sul do país, enquanto centenas delas - cujo número exato é desconhecido - permanecem bloqueadas.
O Presidente tunisino, Kais Saied, que se arrogou a plenos poderes em julho de 2021 "para preservar a paz social", apelou às forças de segurança em fevereiro para que tomassem medidas urgentes contra as "hordas" de migrantes que fazem parte de uma "conspiração" para mudar a identidade "árabe-muçulmana" do país.
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