"Devido a este acontecimento, o Departamento de Estado ordenou a saída dos funcionários públicos não essenciais e das suas famílias da embaixada", refere um aviso publicado no portal da diplomacia norte-americana.
Ao mesmo tempo, o Departamento de Estado elevou o nível de alerta para o Níger de 3 para 4, aconselhando todos os cidadãos norte-americanos a não viajarem para o país devido à situação de segurança.
Por outro lado, reduziu ao mínimo as atividades da embaixada em Niamey e cessou todas as operações, sublinhando que só pode intervir em situações de emergência.
Alguns cidadãos americanos embarcaram na quarta-feira em voos de repatriamento franceses e italianos a partir de Niamey, mas os EUA não ordenaram qualquer retirada geral dos seus cidadãos.
Os Estados Unidos condenaram veementemente o derrube do Presidente Bazoum mas, ao contrário da França e de outros países europeus, ainda não ordenaram qualquer retirada nem suspenderam a ajuda ao Níger, que ascende a várias centenas de milhões de dólares.
Quarta-feira ainda, questionado durante uma conferência de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, disse que não havia qualquer indicação de ameaças contra cidadãos ou instalações dos Estados Unidos no Níger, como a embaixada.
"No geral, a situação em Niamey permanece calma, mas é fluida", disse.
Os Estados Unidos têm também cerca de 1.000 soldados destacados no país no âmbito da luta contra os grupos jihadistas no Sahel.
A 26 de julho, um golpe de Estado no Níger, liderado pelo general Abdourahamane Tiani, derrubou o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum.
Os vizinhos do Níger na África Ocidental ameaçaram usar a "força" se o Presidente Bazoum não for reintegrado até ao próximo domingo.
A decisão de Washington ocorre dias depois de Paris e Roma terem começado a retirar os seus cidadãos e os estrangeiros que o desejem, incluindo portugueses, cabo-verdianos, norte-americanos, canadianos, belgas, alemães, austríacos, nigerianos, etíopes e libaneses, num total de mais de 1.500.
Paris justificou a operação com os "atos de violência que tiveram lugar" contra a embaixada no domingo, durante uma manifestação hostil a França, e com o "encerramento do espaço aéreo".
Na segunda-feira, a Junta Militar acusou França, antiga potência colonial, de querer "intervir militarmente", o que Paris negou firmemente.
Uma intervenção militar no Níger seria "a última opção em cima da mesa" para restaurar o regime do Presidente nigerino, Mohamed Bazoum, derrubado por um golpe de Estado a 26 de julho, indicou quarta-feira fonte da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
O comissário da CEDEAO responsável pelos Assuntos Políticos e de Segurança, Abdel-Fatau Musah, admitiu, porém, que "todos têm de estar preparados para essa eventualidade".
"A opção militar é a última opção em cima da mesa, o último recurso, mas temos de estar preparados para esta eventualidade", sublinhou Musah, que falava na abertura de uma reunião de chefes do Estado-Maior da África Ocidental em Abuja, na Nigéria, que deverá terminar na sexta-feira, dois dias antes do termo, domingo, de um ultimato da CEDEAO que exige o regresso à ordem constitucional.
O bloco oeste-africano ponderou, inicialmente, recorrer a uma intervenção militar para repor a legalidade constitucional, algo a que o líder da Junta Militar que tomou o poder, o general Tiani, respondeu que recusa.
Tiani afirmou não ceder a qualquer ameaça e disse rejeitar "totalmente" as sanções económicas entretanto impostas.
O Níger é um dos países mais pobres do mundo, apesar dos seus recursos de urânio.
Assolado por ataques de grupos ligados ao Estado Islâmico e à Al-Qaida, é o terceiro país da região a sofrer um golpe de Estado desde 2020, depois do Mali e do Burkina Faso.
Leia Também: Líder do Níger alerta contra intervenção externa e pede apoio à população