Segundo o procurador-geral, os condenados não comprovaram pertencer a nenhum sindicato local e conspiraram contra o Presidente Nicolás Maduro e o alto-comando militar.
"Estas pessoas atuaram fora da lei, conspirando contra a democracia venezuelana, contra o Governo venezuelano (...) os que saíram em sua defesa, como sempre, procuraram um disfarce que neste caso foi rotulá-los de alegados dirigentes sindicais", explicou.
Tarek William Saab falava numa conferência de imprensa, transmitida pela televisão venezuelana, durante a qual insistiu que os condenados "não são líderes sindicais" e que quando foram detidos não realizavam atividades vinculadas à luta sindical.
"O mais interessante é que nenhum deles é trabalhador ativo, nem aparecem registados no Instituto Venezuelano de Segurança Social, como trabalhadores adscritos a alguma empresa (...) aparecem, coloquialmente falando, como pessoas desempregadas", disse, sublinhando que ao não estarem inscritos, tampouco podem pertencer a uma organização sindical.
O procurador-geral explicou que, entre as provas obtidas durante a investigação, incluem-se "extrações telefónicas" que faziam referência à realização de atividades conspirativas, no país, e que mantinham contacto "com um militar desertor", que se encontra na vizinha Colômbia.
"Pertenciam a uma organização clandestina e conspirativa chamada de Unidade de Resistência Popular (...) tinham planeado realizar várias ações contra o Governo, entre elas assaltar um alistamento militar em Mérida e apropriar-se do paiol de armas, que constava de 120 espingardas", explicou.
Segundo o procurador-geral, os seis condenados planeavam realizar atos de sabotagem nas atividades de 05 de julho de 2022, "em que se encontravam presentes o Chefe de Estado, o Presidente Nicolás Maduro e todo o alto comando militar".
Saab precisou que o caso esteve sobre a mesa numa reunião com representantes do Alto-Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, e uma delegação da ONU.
"Ficaram satisfeitos com a informação que lhes foi dada, através da qual verificaram que estes indivíduos não foram juglados por solicitar melhoras salariais", explicou, durante a conferência de imprensa.
Um tribunal da Venezuela especializado em terrorismo condenou, na terça-feira, seis dirigentes sindicais a 16 anos de prisão, pelos delitos de associação criminosa e conspiração, uma decisão questionada pela defesa e pela oposição venezuelana.
Um dos condenados, Alcides Bracho, é artista plástico e professor, sindicalista da Federação Venezuelana de Professores e também militante do partido opositor Bandera Roja ('Bandeira Vermelha').
Foram também condenados o presidente da Federação de Trabalhadores dos Tribunais, Emílio Negrín, e o diretor da Central de Trabalhadores da Associação Sindical Independente e membro da direção do Sindicato de Funcionários da Assembleia Nacional, o parlamento venezuelano, Gabriel Blanco.
Foi ainda condenado o delegado principal do Conselho Regional de Trabalhadores da Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV) no estado de Guárico (centro), Reynaldo Cortés Gutiérrez, e Néstor Astudillo, ativista e sindicalista do partido Bandera Roja, no estado de Miranda (norte).
Por outro lado, foi também condenado Alonso Eduviges Meléndez Rodríguez, um engenheiro de pesca, sindicalista e militante do Bandera Roja.
A condenação, segundo Eduardo Torres, advogado de um dos condenados, teve lugar depois de terem participado, em julho de 2022, em várias manifestações para exigir o respeito pelos direitos humanos dos trabalhadores, salários justos e contra o gabinete responsável do orçamento público da Venezuela (Onapre).
Os condenados, chamados popularmente de "lutadores", tinham sido detidos há um ano e quase dois meses.
Várias organizações não-governamentais venezuelanas condenaram a decisão do tribunal, que dizem ser "perseguição política".
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