Moçambique. Afetadas 1,3 milhão de pessoas por passagem do ciclone Freddy

As chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy afetaram, no primeiro trimestre, mais de 1,3 milhão de pessoas em Moçambique, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, além de 306 mortos, segundo dados oficiais.

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Lusa
04/08/2023 10:37 ‧ 04/08/2023 por Lusa

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Ciclone

De acordo com o balanço económico e social da execução do Orçamento do Estado de janeiro a março, consultado hoje pela Lusa, aquele período ficou novamente marcado por "chuvas excessivas" que provocaram inundações em Maputo, bem como a passagem do ciclone Freddy por duas vezes, a primeira na zona sul, particularmente na província de Inhambane e, posteriormente, na zona centro e norte do país, com maior incidência para a província da Zambézia, "tendo causado mortes e destruição de várias infraestruturas económicas e sociais nos lugares afetados".

Estes "eventos climáticos extremos" afetaram 1.354.839 pessoas, correspondente a 305.566 famílias, destacando-se ainda a destruição de 236.039 casas, das quais 136.237 totalmente destruídas.

"Registou-se ainda a destruição de 3.262 salas de aula, 143 unidades sanitárias, 557 casas de culto e 673 postes de energia. Referir ainda que estes fenómenos provocaram a morte de 306 pessoas e 807 feridos", aponta o relatório.

Foram ainda afetados no setor da agricultura 711.791 hectares de culturas diversas, dos quais 321.367 hectares perdidos, afetando um total de 418.694 agricultores, levando à ativação da linha "sustenta emergência", alocando 25.000 kits de insumos para a segurança alimentar para as províncias de Maputo e de Inhambane.

No setor das pescas, o levantamento aponta para a destruição de 373 embarcações, 2.499 artes de pesca e 472 unidades piscícolas, enquanto no setor das infraestruturas foram afetados 13.886 quilómetros de estradas, dos quais 5.447 quilómetros totalmente danificados, e ainda 47 pontes, 26 pontões e 282 aquedutos.

"Para garantir a reposição das infraestruturas danificadas pelo Ciclone Freddy, foi aprovado o Plano de Emergência, no montante global de 150 milhões de dólares, tendo sido submetido o pedido de financiamento ao Banco Mundial, através da ativação da Componente de Resposta Contingente de Emergência", recorda o relatório.

O Banco Mundial anunciou em 19 de maio um financiamento de 150 milhões de dólares (139 milhões de euros) para Moçambique recuperar dos estragos provocados pelo ciclone Freddy.

"Este valor visa apoiar a rápida restauração das infraestruturas de transporte, bem como a prestação de serviços de educação, saúde, energia, abastecimento de água e saneamento", além da retoma de atividade agrícola, detalhou em comunicado.

Dos 150 milhões de dólares, 100 milhões (93 milhões de euros) são atribuídos em forma de subvenções e 50 milhões de dólares (46,5 milhões de euros) como crédito bonificado.

As maiores fatias são 51 milhões de dólares para transportes, 19 milhões de dólares (17,6 milhões de euros) para agricultura e 26 milhões de dólares (24 milhões de euros) para abastecimento de água e saneamento.

Estes fundos são extraídos de projetos existentes do Banco Mundial em Moçambique e complementam a subvenção adicional de 300 milhões de dólares (279 milhões de euros) aprovada em abril.

O ciclone Freddy faz parte um conjunto de fenómenos extremos que cientistas consideram estar a ganhar força devido ao aumento das temperaturas no planeta.

Foi um dos ciclones mais longos de que há registo (37 dias, entre 05 de fevereiro e 14 de março) e que maior distância percorreu, superando 10 mil quilómetros, desde que se formou ao largo do norte da Austrália e atravessou todo o oceano Índico até à África Austral.

A intempérie provocou centenas de mortes e destruição generalizada no centro de Moçambique e no Malaui.

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