O opositor russo Alexei Navalny foi, esta sexta-feira, condenado a mais 19 anos de prisão após ter sido acusado de vários crimes, incluindo de ter criado uma "organização extremista".
A informação foi avançada pelos advogados de Navalny à agência de notícias Reuters.
A audiência decorreu à porta fechada, no estabelecimento penitenciário IK-6 de Melekhovo, situado a 250 quilómetros a leste de Moscovo, onde o opositor do regime do presidente russo, Vladimir Putin, já se encontrava a cumprir uma pena de nove anos de prisão pelo crime de fraude.
Agora foi acusado de ter criado uma "organização extremista". O grupo que fundou, o Fundo Anticorrupção (FBK), já tinha sido encerrado pelas autoridades russas em 2021 por "extremismo".
A acusação pediu ao tribunal que ordenasse que Navalny cumpra qualquer nova pena de prisão num estabelecimento prisional de "regime especial", um termo que se refere a prisões russas com o mais elevado grau de segurança e as mais rígidas condições de encarceramento.
Na quinta-feira, Navalny já tinha avançado que esperava que lhe fosse aplicada uma pena "longa, estaliniana". "A fórmula para a calcular é simples: o que o procurador pediu, menos 10-15%. Eles [a acusação] pediram 20 anos, ser-me-ão dados 18 ou qualquer coisa semelhante", declarou, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter).
2/21 It's going to be a huge term. This is what's called a "Stalinist" term. They asked for 20 years so they will give 18 or something around it. It doesn't really matter, because the terrorism case is on the way. I could get another 10 years there.
— Alexey Navalny (@navalny) August 3, 2023
Sublinhe-se que o opositor do regime do presidente russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 47 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
Inicialmente, recebeu uma sentença de dois anos e meio de prisão por violação da liberdade condicional, mas, no ano passado, foi condenado a nove anos de prisão por "fraude" e "desrespeito do tribunal". Agora, somam-se mais 19 pelo crime de extremismo.
[Notícia atualizada às 15h43]
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