Níger. CEDEAO já definiu contornos para eventual intervenção militar
Os contornos de uma "possível intervenção militar" contra os militares golpistas no Níger foram "definidos", anunciou hoje um responsável da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
© AFP via Getty Images
Mundo Níger
O anúncio foi feito pelo comissão para os Assuntos Políticos e de Segurança da CEDEAO, Abdel-Fatau Musah, no final da reunião de três dias, em Abuja, dos chefes de Estado-Maior da organização.
"Todos os elementos de uma possível intervenção foram trabalhados nesta reunião, incluindo os recursos necessários, mas também como e quando vamos projetar a força", disse Musah.
"Os chefes de Estado-Maior e as suas equipas têm trabalhado 24 horas por dia (desde quarta-feira) para desenvolver um conceito de operações para uma possível intervenção militar na República do Níger, a fim de restaurar a ordem constitucional e garantir a libertação do Presidente detido", acrescentou.
No entanto, "a CEDEAO não vai dizer aos golpistas quando e onde vai atacar", disse, adiantando que se trata de uma "decisão operacional que será tomada pelos chefes de Estado" da organização.
Em 30 de julho, a CEDEAO, que impôs pesadas sanções a Niamey, deu aos golpistas sete dias para restabelecerem a Presidência de Mohamed Bazoum, derrubado em 26 de julho, sob pena do recurso à "força".
Os golpistas autointitulam-se Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), que é liderado pelo general Abdourahamane Tiani.
A dois dias do fim do ultimato, a CEDEAO continua a afirmar que privilegia a via diplomática para resolver a crise no Níger, nomeadamente através do envio de uma delegação a Niamey.
A opção militar é, na sua opinião, a última a ser posta em cima da mesa.
"Queremos que a diplomacia funcione e queremos que esta mensagem seja claramente transmitida (aos golpistas), nomeadamente que lhes damos todas as oportunidades para inverterem o que fizeram", acrescentou o responsável da CEDEAO.
Os golpistas garantiram já uma "resposta imediata" a "qualquer agressão" por parte de um país da CEDEAO.
O Mali e o Burkina Faso, vizinhos do Níger governados também por militares após os golpes de Estado de 2020 e 2022, respetivamente, apoiam a junta.
Os dois países, que foram suspensos dos órgãos de governo do bloco da África Ocidental, declararam que qualquer intervenção armada seria considerada "uma declaração de guerra" e teria como consequência a sua retirada da CEDEAO.
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