A meio da manhã de 07 de agosto de 1998, uma forte explosão devastou a embaixada norte-americana no centro da capital queniana. A maior parte dos 213 mortos e dos mais de 5.000 feridos eram transeuntes ou trabalhadores de escritórios de edifícios adjacentes à embaixada, onde 44 pessoas, incluindo 12 norte-americanos, foram mortas.
Poucos minutos depois, um outro ataque teve como alvo a representação diplomática norte-americana em Dar es Salaam, na vizinha Tanzânia.
As famílias das vítimas e dos sobreviventes do atentado de Nairobi renovaram os seus pedidos de indemnização, numa cerimónia realizada no local da antiga embaixada, na presença de responsáveis quenianos e norte-americanos.
"Este incidente ainda está fresco na mente das pessoas", disse Anisa Mwilu, que perdeu o marido no ataque. "O que podemos pedir é uma indemnização, e é isso que estamos a pedir hoje", continuou, sob os aplausos de várias centenas de pessoas presentes.
Caroline Muthoka, membro do Consórcio das Vítimas do Atentado, por seu lado, criticou a "injustiça do Governo americano", que não aprovou uma indemnização financeira, e apelou ao Congresso norte-americano para que "tome as medidas necessárias para garantir que as vítimas do atentado sejam indemnizadas".
Na manhã do atentado, Redempta Kadenge Amisi encontrava-se nos escritórios do edifício Ufundi, o edifício contíguo à embaixada dos Estados Unidos da América que foi totalmente destruído pela explosão.
"Eu estava no quarto andar e as três pessoas que estavam comigo morreram instantaneamente", disse à agência France-Presse a mulher de 80 anos, atualmente numa cadeira de rodas devido às sequelas do atentado.
"Não me apercebi, mas as minhas costas estavam a arder e passei mais de quatro semanas no hospital. Mas, desde o atentado, não recebi nada, nenhuma indemnização, apesar de ter de fazer tratamentos de manhã e à noite. Ainda tenho esperança de receber alguma coisa", concluiu.
Durante a cerimónia, os nomes das vítimas dos atentados de Nairobi e Dar es Salaam foram lidos perante uma multidão comovida e foram acesas velas em sua memória.
Este atentado foi o primeiro de uma série de ataques no Quénia. Os atentados mais mortíferos tiveram como alvo o centro comercial Westgate, em Nairobi, em 2013 (67 mortos), a Universidade de Garissa, em 2015 (148 mortos) e o complexo hoteleiro Dusit, também em Nairobi, em 2019 (21 mortos).
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