Segundo a edição digital da revista Der Spiegel, Thomas H., detido na quarta-feira no oeste da Alemanha, era comandante do departamento do Exército encarregado das aquisições de material de guerra eletrónico destinado a perturbar os sistemas de defesa aérea do inimigo.
Esse é também o departamento que compra as armas ultramodernas para equipar os comandos de elite da Bundeswehr (Forças Armadas).
Estas revelações reforçam os apelos para a vigilância dentro do Exército alemão, que se multiplicaram desde a sua detenção, num contexto particularmente tenso desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, há mais de um ano e meio, a 24 de fevereiro de 2022.
De acordo com o semanário Die Zeit e o diário Tagesspiegel, o suspeito nunca escondeu a sua simpatia pelo partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) e as suas inclinações pró-Rússia.
"Devemos manter-nos muito vigilantes e sensibilizar as nossas tropas para os novos perigos criados pela guerra na Ucrânia", declarou o vice-presidente da Associação da Bundeswehr, Marcel Bohnert, ao diário Rheinische Post.
Já na quinta-feira, a ministra do Interior alemão, Nancy Faeser, tinha alertado para os perigos acrescidos em matéria de segurança na Alemanha.
"As ameaças de espionagem, de campanha de desinformação e de ciberataque assumiram novas dimensões", declarou a ministra.
Segundo a procuradoria federal, Thomas H. contactou várias vezes desde maio o consulado-geral da Rússia em Bona (oeste) e a embaixada da Rússia em Berlim, "por iniciativa própria", para propor trabalhar para eles.
A Alemanha é um dos principais fornecedores à Ucrânia de material militar destinado a repelir as tropas russas.
É a segunda vez, desde o início da invasão russa, que suspeitas de espionagem para a Rússia afetam o aparelho de segurança alemão: um agente dos serviços secretos foi detido em dezembro em Berlim por ter transmitido informações aos serviços secretos russos, e um presumível cúmplice foi detido no mês seguinte.
Desde que deflagrou a guerra na Ucrânia, a Alemanha expulsou muitos diplomatas russos acusados de serem uma ameaça para a segurança do país.
Berlim também decidiu, no final de maio, encerrar quatro dos cinco consulados russos presentes no seu território, em retaliação contra as restrições impostas por Moscovo à sua própria representação diplomática na Rússia.
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