Mohamed Bazoum foi derrubado do poder em 26 de julho por uma junta militar autodenominada Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria, liderada pelo general Abdourahmane Tiani.
Em entrevista ao jornal britânico Guardian, Zazia, que se encontra atualmente em França, refere que o pai e a mãe já perderam cinco quilos e o irmão, Salem, de 22 anos, emagreceu 10 quilos, devido à falta de comida.
"Não têm carne fresca nem legumes, mas têm arroz e massa e agora é só isso que comem, o que não é bom para a saúde (...) Não têm água limpa para beber e o gás para cozinhar também vai acabar em breve", acrescentou.
A filha de Bazoum também corroborou os relatos da organização Human Rights Watch de que a junta liderada pelo general Tiani, antigo chefe da Guarda Presidencial impediu o acesso do pessoal médico ao palácio, apesar de Salem precisar de tratamento para um problema cardíaco.
A jovem sublinhou ainda que a falta de eletricidade no edifício, devida em parte aos cortes de energia impostos pela vizinha Nigéria, é uma manobra "deliberada" dos seus captores para "exercer pressão" sobre Abuja, uma vez que há energia noutras zonas da capital.
Sobre a possibilidade de Tiani libertar o pai, Zazia Bazoum confessou-se cética: "Talvez deixem sair o meu irmão e a minha mãe, mas não creio que deixem sair o meu pai", disse, deixando claro que as ações da junta são "uma tortura".
As más condições de detenção do Presidente deposto e família foram já denunciadas pelas Nações Unidas e governos ocidentais.
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse hoje estar "extremamente preocupado" com as condições de detenção, considerando que indiciam violação dos direitos humanos.
"As informações credíveis que recebi indicam que as condições da sua detenção podem ser consideradas como tratamento desumano e degradante, em violação do Direito Internacional em matéria de direitos humanos", afirmou Türk, num comunicado, referindo-se ao cativeiro de Bazoum, mulher e filho.
Türk disse ter recebido informações de que o Presidente e a sua família não têm acesso a eletricidade, água potável ou medicamentos.
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