Além das sanções, aplicadas pela CEDEAO contra o Níger, os Estados Unidos da América e a França suspenderam a sua ajuda ao desenvolvimento.
O Níger sofreu um golpe de Estado em 26 de julho, quando uma junta militar liderada pelo general Abdourahamane Tiani, que preside ao autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria, derrubou o Presidente eleito, Mohamed Bazoum.
"Em solidariedade com o povo do Níger, tenho o prazer de informar que, a título excecional, será realizada uma operação de emissão de autorizações especiais de exportação de cereais (...) com vista a exportá-los exclusivamente para o Níger", declarou Haoua Sorgho Sokoundo, secretário permanente do Gabinete de Comércio e Investimento do Burkina Faso, em comunicado.
Este departamento, que faz parte do Ministério do Desenvolvimento Industrial, do Comércio, do Artesanato e das Pequenas e Médias Empresas, convidou "os operadores económicos interessados a apresentarem os seus pedidos aos serviços competentes do ministério responsável pelo comércio".
A suspensão das exportações de cereais (painço, milho, sorgo e feijão-frade) foi anunciada num comunicado em novembro de 2022 pelo ministro do Comércio, Serge G. Poda, que não explicou as razões, mas ocorreu depois de os militares terem levado a cabo um golpe de Estado no país em setembro desse ano, após anos de ataques de organizações fundamentalistas islâmicas.
A insegurança crescente no Burkina Faso impede as populações de algumas regiões do país de cultivar ou colher o que semeiam, uma situação que contribui para o aumento dos preços dos produtos de base no país, agravado durante a pandemia de covid-19 e depois pela guerra na Ucrânia.
Na sequência do golpe de Estado no Níger, a CEDEAO, em colaboração com a União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), impôs 10 sanções que estão a estrangular financeira e economicamente o Níger.
Os efeitos das sanções económicas impostas ao Níger já se fizeram sentir na economia do país com a paralisação de várias atividades, cortes de energia e aumentos elevados dos preços de produtos como o arroz e o petróleo.
A CEDEAO também não excluiu a possibilidade de uma intervenção militar se os golpistas não devolverem o poder ao Presidente Mohamed Bazoum, uma opção que o Mali e o Burkina Faso, liderados por juntas militares, consideram igualmente uma declaração de guerra contra eles.
Leia Também: Níger. Militares golpistas realizaram primeiro Conselho de Ministros