"Nos últimos 10 dias, as autoridades de facto detiveram trabalhadores da comunicação social em seis províncias do Afeganistão", disse a UNAMA, sem especificar o número exato de detenções, numa carta publicada na plataforma X (anteriormente conhecida como Twitter).
Por sua vez, o presidente do Sindicato dos Jornalistas do Afeganistão (AIJU), Hujatullah Mujadedi, disse à agência espanhola Efe que pelo menos "dez jornalistas permanecem sob custódia do Emirado Islâmico do Afeganistão (como os talibãs se autodenominam)".
Na sequência destas detenções, a UNAMA recorda o jornalista afegão Mortaza Behbood e o ativista Matiullah Wesa, que desde o início deste ano "permanecem sob custódia das autoridades de facto".
Wesa, cuja prisão foi noticiada no final de março, é conhecido por ter lançado várias campanhas educativas em algumas províncias afegãs e por estabelecer uma biblioteca itinerante em áreas rurais para facilitar a educação de jovens afegãos, uma vez que não puderam retornar à sala de aula desde que os fundamentalistas chegaram ao poder, há dois anos.
Nesse sentido, a UNAMA alertou as autoridades sobre as suas obrigações "de acordo com o direito internacional de respeitar, defender e promover os direitos à liberdade de opinião e expressão, bem como os direitos de todas as pessoas detidas de ver as suas famílias, falar com um advogado e saber as acusações que enfrentam".
Os talibãs, que assumiram o poder em agosto de 2021, têm mantido uma dura postura contra as mulheres, tendo voltado a impor de forma estrita que se cubram em público.
Um porta-voz do Governo talibã acrescentou hoje que estudiosos religiosos do país concordam que uma mulher deve manter o rosto coberto quando fora de casa.
"É muito mau ver mulheres (sem o hijab) em algumas áreas (grandes cidades), e os nossos estudiosos também concordam que os rostos das mulheres devem ser escondidos", disse Molvi Mohammad Sadiq Akif, porta-voz do Ministério do Vício e da Virtude dos talibãs.
"Uma mulher tem o seu próprio valor e esse valor diminui quando os homens olham para ela", acrescentou.
Leia Também: ONG e peritos da ONU acusam paramilitares sudaneses de violência sexual