CEDEAO garante "intervenção militar" se negociações falharem no Níger
Os chefes militares da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) asseguraram hoje que se as opções pacíficas fracassarem, optarão por uma "intervenção militar cirúrgica" conta a junta militar no Níger.
© NIPAH DENNIS/AFP via Getty Images
Mundo Níger
"Se todas as opções políticas fracassarem, optaremos por uma solução militar, que será cirúrgica e de curta duração", disse o comissário de Assuntos Políticos, Paz e Segurança do bloco, Abdel-Fatuh Musah, ao terminar as reuniões na capital do Gana, Acra.
"A CEDEAO é uma organização baseada em regras, tudo o que estamos a fazer é assegurarmo-nos que o Níger, um país irmão, volta a ter um governo baseado em regras", acrescentou Musah, salientando que todos os países representados nestas conversações confirmaram a sua participação na intervenção militar e decidiram até o dia da intervenção, que não foi revelado.
Apesar da decisão, a CEDEAO continua a privilegiar o caminho do diálogo.
A organização anunciou assim uma "possível" missão diplomática no sábado no Níger, enquanto as delegações anteriores da organização regional não conseguiram até agora encontrar-se com o general Tiani, o novo homem forte do país.
"Estamos prontos para resolver o problema pacificamente, mas são precisos dois para dançar o tango", disse Musah. "Não seremos nós a bater à porta quando a baterem na nossa cara", acrescentou, no entanto.
Se os militares no Níger "quiserem muito rapidamente pela via pacífica restabelecer a ordem constitucional, estamos dispostos a desistir da opção militar, porque não é a nossa opção preferida, mas somos obrigados a fazê-lo devido à intransigência do regime", salientou.
Neste encontro estiveram presentes os chefes de Estado-Maior da Nigéria, Gana, Costa do Marfim, Senegal, Togo, Benim, Serra Leoa, Libéria e Gâmbia, não tendo participado os representantes de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, além do Burkina Faso, Mali e Guiné-Conacri, que também não estiveram representados.
Uma eventual ação militar dividiu os países da região, com os governos da Nigéria, do Benim, da Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem explicitamente a disponibilidade dos seus exércitos para intervir em território nigerino.
No outro extremo, os vizinhos Mali e Burkina Faso, governados por juntas militares, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra os seus países.
Além do Chade, a Guiné-Conacri, a Argélia e Cabo Verde também rejeitaram essa intervenção militar, defendendo antes o diálogo.
O chefe da Guarda Presidencial nigerina, Abdourahmane Tiani, anunciou, em 26 de julho, a deposição de Mohamed Bazoum e o encerramento das fronteiras, devido à profunda crise económica e de segurança no país, que enfrenta um aumento das operações das ramificações do grupo extremista Estado Islâmico e da Al-Qaida.
O Níger é o quarto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes de Estado entre 2020 e 2022.
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