Autoridades russas confirmam morte de Prigozhin em queda de avião

Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia (Rosaviatsiya) indicou que Yevgeny Prigozhin, líder do grupo mercenário russo Wagner, era um dos passageiros do jato privado que se despenhou hoje a norte de Moscovo, em que todos os ocupantes morreram.

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Lusa
23/08/2023 21:39 ‧ 23/08/2023 por Lusa

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Segundo a mesma fonte, estava também entre os passageiros Dmitry Utkin, um dos fundadores do grupo Wagner e ex-oficial das forças especiais russas.

"De acordo com a companhia aérea, os seguintes passageiros estavam a bordo do avião Embraer - 135", disse Rosaviatsiya, citando os nomes de Prigozhin e Utkin.

Um canal na rede social Telegram próximo do grupo, Grey Zone, publicou que Prigozhin e Utkin morreram "como resultado das ações de traidores da Rússia".  

A Rosaviatsiya já havia indicado que na lista de ocupantes do jato estava o nome de Prigozhin e que havia iniciado uma investigação sobre a queda do avião da Embraer, ocorrida na região de Tver.

Os serviços de emergência russos indicaram anteriormente que tinham recuperado oito corpos completamente carbonizados no local do desastre, mas sem obter identidades.

O Ministério de Situações de Emergência confirmou que o aparelho Embraer Legacy caiu perto da localidade de Kuzhenkino, quando fazia a ligação entre Moscovo e São Petersburgo, e que três das dez pessoas que viajavam a bordo do aparelho eram tripulantes.

"De acordo com dados preliminares, todos os que estavam a bordo morreram", informou o Ministério de Situações de Emergência.

Diferentes versões do ocorrido são discutidas nas redes sociais russas. Canais próximos do grupo Wagner afirmam que o avião poderá ter sido abatido pela defesa antiaérea russa, outros por um atentado ou ainda por um 'drone' inimigo.

O governador de Tver, Igor Rudenia, assumiu o controlo pessoal da investigação sobre o sucedido com o avião civil.

Vídeos cuja autenticidade a Agência France Presse não conseguiu confirmar foram transmitidos em vários canais do Telegram, alegando estar ligados ao Grupo Wagner e mostrando destroços em chamas num campo ou uma aeronave despenhando-se.

Dados de monitorização de voo consultados pela Associated Press confirmam que um jato particular registado em nome do Grupo Wagner, e que Prigozhin tinha usado anteriormente, descolou de Moscovo esta noite e que o seu sinal desapareceu minutos depois.

O avião caiu na região de Tver, mais de 100 quilómetros ao norte da capital russa, onde não há aeródromos próximos.

O líder dos mercenários Wagner, de 62 anos, lutou ao lado do exército regular russo na Ucrânia e mantinha operações militares há longo tempo na Síria e em vários países africanos, e protagonizou há dois meses uma rebelião militar fracassada contra as chefias militares de Moscovo, na qual chegou a tomar uma das cidades mais importantes do sul da Rússia, Rostov-no-Don.

Após a mediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, Prigozhin concordou em retirar os seus mercenários e transferir a sua base para o território daquela antiga república soviética.

Depois de acusá-lo de traição, o Presidente russo, Vladimir Putin, recebeu-o no Kremlin, após o que Prigozhin anunciou o reinício das operações do Grupo Wagner em África.

Putin participou hoje na região fronteiriça de Kursk numa cerimónia oficial por ocasião do 80.º aniversário da Batalha de Kursk, uma das mais importantes da Segunda Guerra Mundial entre os exércitos soviético e nazi.

O canal no Telegram Orquestra Wagner, próximo da empresa militar, referiu que o desaparecimento de Prigozhin é "uma grande tragédia para a pátria" e que, "se foi uma facada nas costas (...) a pátria existirá, mas o seu destino, como o de qualquer 'Judas', não é invejável".

Numa primeira reação, Kiev sugeriu que "a eliminação espetacular de Prigozhin e do comandante do Grupo Wagner dois meses após a tentativa de golpe é um sinal de Putin às elites russas antes das eleições de 2024", afirmou no X (ex-Twitter) Mikhail Podoliak, conselheiro da presidência ucraniana, acrescentando que o líder do Kremlin "não perdoa ninguém".

O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden referiu por sua vez que não ficou surpreendido.

"Ainda não sei bem o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Poucas coisas acontecem na Rússia sem que Putin tenha algo a ver com isso", frisou o chefe de Estado norte-americano, em declarações durante as suas férias que decorrem em Lake Tahoe, entre Nevada e Califórnia.

Prigozhin apareceu na segunda-feira pela primeira vez desde o motim num vídeo, no qual indicava que tinha regressado a África para tornar a Rússia "ainda maior em todos os continentes".

"O Grupo Wagner torna a Rússia ainda maior em todos os continentes e a África ainda mais livre", afirmou o líder do grupo mercenário na gravação, transmitida por canais Telegram próximos da milícia russa.

[Notícia atualizada às 22h32]

Leia Também: Biden sem estar "surpreendido" com possível morte de Prigozhin na Rússia

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