O presidente do grupo que ofereceu as bolsas de estudo, Khalaf Ahmad al Habtoor, revelou na rede social X (antigo Twitter), que as estudantes "infelizmente não conseguiram chegar ao aeroporto do Dubai devido à interferência dos talibã", que "impediram a sua saída, restringindo injustamente a sua liberdade".
Além da denúncia nas redes sociais, Habtoor publicou uma mensagem de voz que se supõe ser de uma das estudantes.
"Estamos no aeroporto, mas infelizmente o Governo não nos deixa ir para o Dubai, nem mesmo aquelas que têm um 'maharam' [homem guardião]", disse a alegada estudante afegã.
O grupo empresarial dos EAU "conseguiu admissão universitária" para as jovens, "alojamento, transporte, seguro de saúde e uma variedade de serviços abrangentes, destinados a garantir a máxima comodidade e segurança das estudantes", mas as suas intenções "foram esmagadas", lamentou Habtoor.
O líder do grupo considerou ainda que a ação dos talibãs constitui "uma tragédia profunda, um golpe contra os princípios de humanidade, educação, igualdade e justiça" e apelou a todas as partes envolvidas para que atuem rapidamente e ajudem a resgatar as estudantes.
Desde que os talibã tomaram o poder, no Afeganistão, em agosto de 2021, as mulheres foram proibidas de frequentar o ensino secundário e universitário, assim como de trabalhar em locais públicos, salvo raras exceções.
Foram ainda impostas restrições que as obrigam a sair à rua com a cara tapada, impõem a segregação por géneros e as obrigam serem acompanhadas por um familiar do sexo masculino em viagens longas.
A realidade vivida atualmente pelas mulheres afegãs assemelha-se cada vez mais à da época do primeiro regime talibã, entre 1996 e 2001, que obrigava as mulheres a ficarem recolhidas em casa com base numa interpretação rígida do islão e do seu estrito código social, conhecido como 'pastunwali'.
Leia Também: Mais de 200 funcionários do antigo governo foram mortos por talibãs