"Ainda esta manhã recebi uma vaga de telefonemas sobre os preparativos dos países [da CEDEAO] com os respetivos exércitos e as contribuições possíveis. Mas disse-lhes para esperarem", afirmou Tinubu, segundo um comunicado emitido pela presidência nigeriana esta quinta-feira.
"Estou a gerir uma situação muito espinhosa", afirma Tinubu, garantindo que, se a CEDEAO se afastar, "outras pessoas reagirão", sem dar mais pormenores.
A presidência nigeriana emitiu a declaração depois de Tinubu se ter reunido na quinta-feira com um grupo de clérigos muçulmanos destacados, a quem pediu para voltarem a falar com a junta golpista do Níger e tentar convencê-la a abandonar o poder.
Os líderes religiosos deslocaram-se ao Níger no passado dia 19 e persuadiram a junta militar a receber em Niamey uma delegação da CEDEAO chefiada pelo antigo chefe do Estado-Maior nigeriano Abdulsalami Abubakar, visita que até então a junta tinha recusado.
A opção de uma intervenção militar regional contra a junta, que tomou o poder pelas armas o poder no Níger no passado dia 26 de julho, está em cima da mesa desde 30 de julho, anunciada então pelos chefes de Estado e de Governo da CEDEAO, que manifestam, não obstante, continuar empenhados no diálogo para resolver a crise.
Até à data, a junta militar em Niamey não só ignorou as ameaças como nomeou um novo primeiro-ministro e formou um Governo de transição, avisando que o uso da força será objeto de uma resposta "imediata" e "enérgica".
Uma eventual ação militar dividiu a região, com os governos da Nigéria, Benim, Costa do Marfim e do Senegal a confirmarem a disponibilidade dos seus exércitos para intervir em território nigeriano.
No outro extremo, Mali e Burkina Faso, vizinhos do Níger e ambos governados por juntas militares que também tomaram o poder pela força, opõem-se ao uso da força e argumentam que qualquer intervenção no Níger equivaleria a uma declaração de guerra também contra eles.
O Chade, a Guiné-Conacri, a Argélia e Cabo Verde rejeitaram igualmente a intervenção militar, e defendem que a solução deve ser encontrada através do diálogo.
Do mesmo modo, a União Africana (UA) manifestou-se contra a possibilidade de uma intervenção militar, mas suspendeu o Níger como membro da organização até ao restabelecimento efetivo da ordem constitucional.
O golpe de Estado no Níger foi liderado em 26 de julho pelo autodenominado Conselho Nacional de Salvaguarda da Pátria (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente e a suspensão da Constituição.
O Níger é o quinto país da África Ocidental a ser liderado por uma junta militar, depois do Mali, da Guiné-Conacri e do Burkina Faso, que também tiveram golpes militares entre 2020 e 2022, para além do Chade, onde o atual Presidente dissolveu o Parlamento, suspendeu a Constituição e assumiu a liderança de uma junta militar depois da alegada morte do seu pai em combate.
Desde o derrube do regime do Presidente Mohamed Bazoum, a comunidade internacional teme ainda mais instabilidade na região do Sahel, que enfrenta crescentes insurgências de grupos fundamentalistas islâmicos ligados aos grupos extremistas Estado Islâmico e Al-Qaida.
Um grupo alargado de países, onde constam os Estados Unidos, bem como a ONU e a União Europeia, apelaram a uma resolução pacífica da crise.
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