"É verdade que o continente africano é muito pobre. E o problema é que quase todos os países devem muito ao FMI e o montante dos juros que pagam os impede de investir em qualquer outra coisa", disse o líder brasileiro, na sua transmissão semanal nas redes sociais.
Lula da Silva aproveitou o programa para destacar os resultados da visita que realizou na semana passada à África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe, e a sua participação nas cimeiras dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e Sul África) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O chefe de Estado brasileiro afirmou que, apesar da pobreza, os países da África têm um grande potencial de crescimento, principalmente na agricultura, mas não têm essa oportunidade devido ao enorme endividamento que os sobrecarrega.
Lula da Silva afirmou que a dívida dos países africanos ultrapassa os 800 mil milhões de dólares, pelo que quase todos os seus rendimentos devem ser utilizados para pagar os juros da dívida.
"É por isso que propus a ideia de que os países ricos transformem essa dívida (africana) ao FMI em obras de infraestruturas, para que os países africanos possam começar a crescer e depois pagar a sua dívida. Temos de lhes dar essa oportunidade", afirmou.
O Presidente brasileiro considerou que o seu país pode partilhar com África as tecnologias agrícolas que lhe permitiram transformar o Cerrado num dos maiores celeiros do mundo.
"A savana africana é muito parecida com o Cerrado [bioma brasileiro] e pode-se transformar em uma bomba de produção de alimentos não só para a África, mas para o mundo inteiro", afirmou.
Lula da Silva garantiu que é justamente por esse potencial que defende a necessidade de o mundo inteiro investir em África.
"É um lugar onde tudo tem de ser feito e é por isso que estou obcecado em trabalhar para África", concluiu.
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