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Secretário-geral da ONU "condena firmemente" tentativa de golpe no Gabão

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, "condena firmemente a tentativa de golpe em curso" no Gabão como forma de resolver "a crise pós-eleitoral", disse hoje o seu porta-voz.

Secretário-geral da ONU "condena firmemente" tentativa de golpe no Gabão
Notícias ao Minuto

19:11 - 30/08/23 por Lusa

Mundo ONU

"O secretário-geral está a acompanhar de muito perto a evolução da situação no Gabão. O secretário-geral regista com profunda preocupação o anúncio dos resultados eleitorais no meio de relatos de infrações graves das liberdades fundamentais", afirmou Stéphane Dujarric.

Guterres "condena firmemente a tentativa de golpe em curso como forma de resolver a crise pós-eleitoral" e "reafirma a sua forte oposição a golpes militares", acrescentou o porta-voz em comunicado.

O ex-primeiro-ministro português apelou a todos os intervenientes envolvidos para que exerçam moderação, se envolvam num diálogo "inclusivo e significativo" e "garantam que o Estado de direito e os direitos humanos sejam plenamente respeitados".

"O secretário-geral apela também ao exército nacional e às forças de segurança para que garantam a integridade física do Presidente da República e da sua família. As Nações Unidas apoiam o povo do Gabão", conclui o comunicado de Dujarric.

O Gabão enfrenta desde a madrugada de hoje um golpe de Estado levado a cabo por militares, iniciado pouco depois de terem sido anunciados os resultados das eleições de sábado, segundo os quais o Presidente, Ali Bongo Ondimba, permaneceria no poder, dando continuidade a 55 anos de domínio do poder pela sua família.

Um grupo de militares do Gabão anunciou na televisão o cancelamento das eleições presidenciais que reelegeram Ali Bongo e a dissolução de todas as instituições democráticas.

Depois de constatar "uma governação irresponsável e imprevisível que resulta numa deterioração contínua da coesão social que corre o risco de levar o país ao caos (...) decidiu-se defender a paz, pondo fim ao regime em vigor", declarou um dos militares.

O mesmo militar, alegando falar em nome de um Comité de Transição e Restauração Institucional, disse que todas as fronteiras do Gabão estavam "encerradas até nova ordem".

De acordo com a agência France-Presse, durante a transmissão televisiva ouviram-se tiros de metralhadoras automáticas em Libreville.

Horas antes, a meio da noite, às 03:30 (mesma hora em Lisboa), o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) tinha divulgado na televisão estatal, sem qualquer anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais.

A comissão eleitoral anunciou que o Presidente Ali Bongo Ondimba, no poder há 14 anos, tinha conquistado um terceiro mandato nas eleições de sábado com 64,27% dos votos expressos, derrotando o principal rival, Albert Ondo Ossa, com 30,77% dos votos.

O anúncio foi feito numa altura em que o Gabão estava sob recolher obrigatório e com o acesso à Internet suspenso em todo o país, medidas impostas pelo Governo no sábado, dia das eleições.

Leia Também: Casa Branca diz que acompanha de "muito perto" a situação no Gabão

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