Gabão. ONU quer apoiar transição de regresso à ordem constitucional
As Nações Unidas ofereceram hoje apoio à transição política de regresso à ordem constitucional do Gabão, após o representante da ONU para a África Central, Abdou Abarry, ter-se encontrado, quarta-feira, com o presidente de transição gabonês.
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Mundo Gabão
"Exprimi ao presidente de transição o acompanhamento do sistema das Nações Unidas, assim que conhecermos o roteiro, o calendário e a nomeação do Governo", declarou Abarry, em Libreville, a capital do Gabão, numa transmissão da televisão estatal Gabão 24, citada pela agência noticiosa EFE.
Quando o processo de transição estiver esclarecido, as agências da ONU "estabelecerão os contactos necessários e continuarão a apoiar o Gabão", anunciou.
Abarry disse, também, que, "em princípio, as Nações Unidas, tal como outras organizações internacionais, condenam as mudanças inconstitucionais de poder" e "apelam ao regresso à ordem constitucional normal".
Segundo o representante da ONU, o país é uma peça chave para a estabilidade da África Central.
Após o encontro com Brice Nguema, o enviado da ONU visitou o Presidente deposto, Ali Bongo, na sua casa, na capital, onde o encontrou "de boa saúde".
"O Presidente [deposto] expressou o seu apreço ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres", disse o representante da ONU.
O representante das Nações Unidas encontrou-se com Bongo depois de a junta militar ter anunciado a libertação do antigo Presidente, que se encontrava em prisão domiciliária desde o golpe de 30 de agosto.
Na noite de quarta-feira, Nguema declarou, na televisão estatal Gabão 24, que o Presidente deposto "pode deslocar-se ao estrangeiro para fazer exames médicos" devido ao "seu estado de saúde".
O anúncio foi feito depois de o general Nguema se ter reunido, na terça-feira, em Libreville, com o presidente da República Centro-Africana (RCA), Faustin Archange Touadéra, que a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC) nomeou como "facilitador do processo político" no Gabão.
Touadéra exigiu, entre outras coisas, que fosse garantida a "integridade física do Presidente deposto e de toda a sua família".
Apesar da condenação da comunidade internacional, incluindo a CEEAC, a União Africana, a ONU e a União Europeia, Nguema foi declarado, na segunda-feira, como "presidente de transição".
Nguema prometeu "eleições livres e transparentes" após o período de transição, mas não deu qualquer calendário para essas eleições.
Abarry, durante a sua viagem diplomática, manifestou o desejo de que "a paz, a estabilidade e a coesão social possam ser preservadas" no país após o golpe de Estado.
Os líderes do golpe tomaram o poder no passado dia 30 de agosto, depois de as autoridades eleitorais terem anunciado a vitória de Bongo nas disputadas eleições de 26 de julho.
Os militares, tal como a oposição, afirmaram que as eleições não foram transparentes, credíveis ou inclusivas e acusaram o executivo de governar de forma "irresponsável e imprevisível", prejudicando assim a "coesão social".
Além disso, os golpistas colocaram Bongo, de quem Nguema é primo, em prisão domiciliária por "alta traição às instituições do Estado" e "desvio maciço de fundos públicos", entre outras acusações.
A família de Bongo, que se tornou presidente após a morte do pai, Omar Bongo, em Espanha, em 2009, está no poder desde 1967.
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