"Se não estamos no céu e a Rússia está a impedir-nos do céu. Eles estão a impedir a nossa contraofensiva", declarou o Presidente ucraniano, citado pela agência France Presse (AFP), numa conferência em Kyiv.
O chefe de Estado ucraniano apontou ainda processos "que se estão a tornar mais complicados e lentos, quando se trata de sanções ou de fornecimento de armas" do Ocidente.
"A guerra está a abrandar, reconhecemos este facto", afirmou.
E prosseguiu: "Quando os parceiros nos perguntam 'qual é o próximo passo na contraofensiva?', a minha resposta é que hoje os nossos passos são provavelmente mais rápidos do que os novos pacotes de sanções" que visam a Rússia.
A Ucrânia queixa-se regularmente da lentidão das medidas de retaliação (sanções) destinadas a abrandar o esforço de guerra russo.
Zelensky sublinhou mais uma vez que se o Ocidente entregasse munições de longo alcance mais rapidamente, o que possibilita atacar as defesas de retaguarda e logística russas, o exército ucraniano também avançaria mais rapidamente.
"Uma arma específica tem um impacto específico. Quanto mais poderosa e de longo alcance, mais rápida será a contraofensiva", sublinhou.
Os aliados ocidentais apenas entregaram munições deste tipo de forma muito faseada, receando que Kyiv as usasse para bombardear o território russo, o que poderia levar a uma escalada do conflito.
Da mesma forma, a Ucrânia queixa-se há meses da lentidão das negociações sobre a entrega de caças F-16, enquanto o país tem apenas uma pequena e envelhecida frota de aviões desenvolvida durante a era soviética.
Após meses de discussões e de espera pela "luz verde" de Washington, várias dezenas destas aeronaves norte-americanas serão entregues por países europeus, mas a sua chegada aos céus da Ucrânia demorará meses, tendo em conta, em particular, o período de formação dos pilotos.
As palavras de Zelensky seguem-se à visita do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, na quarta-feira a Kyiv, onde deixou elogios aos progressos da contraofensiva ucraniana, ao mesmo tempo que anunciava um novo pacote de ajuda à Ucrânia de mil milhões de dólares (cerca de 933 milhões de euros ao câmbio atual), a que se somou, no dia seguinte, um novo financiamento, por parte do Departamento de Defesa, de apoio militar no valor de 600 milhões de dólares (cerca de 560 milhões de euros).
A contraofensiva ucraniana lançada em junho no leste e no sul enfrenta dificuldades para avançar devido à superioridade aérea russa, mas também a uma complexa rede de linhas de defesa, em particular na frente em direção ao Mar de Azov, composta por trincheiras, campos minados e armadilhas antitanque.
A Ucrânia espera, no entanto, conseguir abrir uma brecha na zona de Robotyne, no sul, depois de tomar esta aldeia considerada estratégica. Moscovo até agora não admitiu uma retirada nesta área e relata combates diários.
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