Em comunicado de imprensa emitido hoje, o Departamento de Estado norte-americano reconhece estar "profundamente preocupado" com a situação no enclave disputado há 30 anos por Arménia e Azerbaijão.
Simultaneamente, apela à abertura "imediata e simultânea" de corredores humanitários nas estradas de Latchin e Agdam, "para permitir a passagem de produtos humanitários absolutamente necessários para os homens, as mulheres e as crianças de Nagorno-Karabakh".
Desde abril que o Azerbaijão bloqueia o corredor de Latchin, a única estrada que liga a Arménia ao enclave de Nagorno-Karabakh. O Azerbaijão garante que o corredor não está fechado a civis.
Instando os líderes locais a absterem-se de criar "tensões" que impeçam o objetivo de assistência humanitária, Washington insiste no diálogo e na "normalização das relações" entre Arménia e Azerbaijão, assente no respeito mútuo pela soberania e integridade territorial.
"O uso da força para resolver disputas é inaceitável", vinca o Departamento de Estado.
Recordando o aumento da tensão na região do Cáucaso do Sul, os Estados Unidos garantem que vão "continuar a apoiar fortemente os esforços da Arménia e do Azerbaijão para resolver as questões pendentes através do diálogo direto, com o objetivo de atingir uma paz digna e duradoura".
Para Washington, "qualquer acordo de paz" entre os dois países "tem de proteger os direitos e a segurança dos habitantes de Nagorno-Karabakh".
O Conselho Europeu já alertara, no passado dia 1, para a deterioração da situação humanitária na região de Nagorno-Karabakh, apelando a ações concretas do Azerbaijão e da Arménia para proteger a população e diminuir as tensões.
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apresentou um plano para a reabertura dos corredores de Latchin e Agdam, essencial para transportar produtos para a população e para que o diálogo e as negociações prossigam.
Azerbaijão e Arménia, duas ex-repúblicas soviéticas do Cáucaso, enfrentaram-se em duas guerras, no início dos anos 1990 e em 2020, pelo controlo do enclave de Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa cuja população é maioritariamente arménia e que se separou do Azerbaijão há mais de 30 anos.
No final da curta guerra em que, no outono de 2020, o Azerbaijão recuperou territórios dessa região separatista, Baku e Erevan concluíram um cessar-fogo promovido pela Rússia.
As tensões intensificaram-se este ano, quando Baku anunciou, em 23 de abril, ter instalado um primeiro posto de controlo rodoviário à entrada do corredor de Latchin, único eixo que liga a Arménia ao enclave separatista, já submetido a um embargo que causou escassez de bens de primeira necessidade e cortes de energia elétrica.
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