Líder da Câmara dos Representantes apoia inquérito para destituir Biden

Na base dos argumentos dos conservadores estão os negócios do filho do presidente, Hunter Biden, que está a ser investigado por alegados crimes fiscais. Mas muitos democratas acusam Kevin McCarthy de usar o processo para aguentar as rédeas dentro do seu próprio partido.

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Hélio Carvalho
12/09/2023 17:33 ‧ 12/09/2023 por Hélio Carvalho

Mundo

Estados Unidos

O 'speaker' republicano da Câmara dos Representantes anunciou a abertura de um inquérito com vista a destituir o presidente norte-americano, Joe Biden, no âmbito dos negócios do seu filho, questionando o envolvimento do líder do país nos processos fiscais de Hunter Biden.

A partir do Capitólio, Kevin McCarthy, o líder republicano que assumiu o cargo de 'speaker' que almejava há anos no início de 2023, afirmou que o inquérito é "o próximo passo lógico que irá dar poder aos congressistas para reunir todos os factos e respostas para o público norte-americano".

"Isto é exatamente o que queremos saber: as respostas. Acredito que o presidente gostaria de responder a estas questões e alegações", afirmou, citado pela ABC News.

O inquérito será liderado por três republicanos, incluindo Jim Jordan, um fervoroso apoiante de Donald Trump que negou que o ataque ao Capitólio, em 2021, fosse violento. "Não tomo esta decisão de ânimo leve. Independentemente do partido em que votaram, estes factos preocupam todos os norte-americanos", acrescentou McCarthy.

Apesar da abertura do inquérito e de o 'speaker' republicano querer levar o processo a votos, este poderá não ter os votos suficientes, não só devido à oposição do Partido Democrata, mas também aos opositores da extrema-direita dentro do próprio Partido Republicano. Ainda assim, Kevin McCarthy já tinha garantido há várias semanas que queria levar em frente o inquérito, para reunir todos os documentos e transações bancárias entre Joe Biden e o seu filho, Hunter Biden.

A abertura de um processo de exoneração contra um presidente dos Estados Unidos era uma ocasião raríssima na política norte-americana. No entanto, depois dos dois processos contra Donald Trump - o primeiro por alegado abuso de poder e o segundo por incitar à violência no Capitólio -, a ala ultranacionalista dos republicanos tem procurado usar essa arma legislativa para punir politicamente Biden por medidas que considera "antipatrióticas".

Na base deste inquérito está a investigação a Hunter Biden, o polémico filho do presidente que foi acusado em julho de dois crimes fiscais de pouca gravidade, por alegadamente ter pagado menos impostos do que era suposto em 2017 e 2018. Hunter tornou-se um dos principais alvos da direita contra o presidente, que questiona ainda negócios que o mesmo fez na Ucrânia e na China quando Barack Obama era presidente

O segundo filho do líder do país também está a ser investigado por posse ilegal de arma de fogo, em 2018, sendo que na altura ficou conhecido por hábitos de toxicodependência (que entretanto foram admitidos, e perdoados, pela família Biden).

A defesa de Hunter Biden ainda chegou a um acordo com os procuradores para que este declarasse a sua culpa, mas a juíza do caso, nomeada por Trump, afastou o acordo e pediu que a investigação continuasse.

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Não fica esclarecido, no entanto, quais as acusações que o filho do presidente norte-americano poderá enfrentar.

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Quando Kevin McCarthy sugeriu inicialmente o inquérito, a Casa Branca questionou a pertinência do mesmo, com o porta-voz, Ian Sams, a considerar que era um "exercício maluco enraizado, não em factos, mas em falta de vergonha partidária".

A ABC News e a Associated Press notam que a iniciativa promovida por McCarthy é também uma forma de o 'speaker' tentar unir o partido conservador à sua volta, já que a sua liderança é contestada praticamente desde o primeiro dia no cargo. Além disso, o Congresso tem de aprovar até ao dia 30 de setembro um novo orçamento público - sem o qual todas as entidades públicas nos Estados Unidos não podem trabalhar, segundo o invulgar procedimento fiscal nos Estados Unidos -, pelo que os republicanos podem usar o inquérito como arma de arremesso nas negociações para o orçamento.

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