O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, advertiu que não há um fim à vista para o conflito na Ucrânia, aconselhando a que o mundo se prepare para "uma longa guerra" naquele país invadido pela Rússia.
"A maioria das guerras dura mais do que o esperado quando começam. Portanto, temos de nos preparar para uma longa guerra na Ucrânia", disse Stoltenberg numa entrevista ao grupo de comunicação alemão Funke, divulgada este domingo, e citada pela AFP.
Ainda que tenha ressalvado que “todos desejamos uma paz rápida”, o responsável salientou que, caso o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o seu povo “deixarem de lutar, o seu país deixará de existir”.
“Se o presidente Vladimir Putin e a Rússia baixarem as armas, teremos paz”, complementou.
Stoltenberg realçou ainda que “não há dúvida de que a Ucrânia acabará por fazer parte da NATO”, mas alertou que, quando a guerra terminar, serão necessárias “garantias de segurança”, para que a história “não se repita”.
Por outro lado, Stoltenberg insistiu na necessidade de os membros da NATO aumentarem os gastos militares e cumprirem a meta de dedicarem à defesa pelo menos 2% do Produto Interno Bruto (PIB). A Alemanha é um dos países que ainda não alcançou esta meta, mas o líder da NATO frisou que está "no caminho certo".
"Em tempos de Guerra Fria, quando governavam Willy Brandt ou Konrad Adenauer, os gastos com a defesa rondavam 4% do PIB. Para a NATO, é importante que o país membro europeu mais populoso cumpra a meta, 2% de um bolo grande é mais do que 2% de um bolo pequeno", acrescentou.
Stoltenberg disse que, tendo sido primeiro-ministro norueguês, sabe como é difícil aumentar os gastos com defesa quando grandes gastos também têm de ser feitos em saúde ou em infraestruturas, mas vincou que isso é necessário quando as tensões aumentam.
Responsáveis militares da NATO estão reunidos desde sexta-feira e até hoje em Oslo, capital norueguesa.
O flanco leste é aquele que preocupa mais a NATO, por causa da invasão russa à Ucrânia.
Mas vários países que integram a organização, incluindo Portugal, têm insistido na necessidade de também olhar para o flanco sul, mais concretamente África, onde atuam os mercenários russos da Wagner e face à deterioração da situação geopolítica no Sahel, palco de vários golpes militares desde 2020, mais recentemente no Níger.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 9.614 civis desde o início da guerra e 27.149 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
[Notícia atualizada às 16h00]
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