Paris suspende novos processos de adoção de crianças do Burkina Faso
As autoridades francesas anunciaram hoje que os processos em curso de adoção de crianças do Burkina Faso por franceses vão continuar, apesar da suspensão de novos anunciada no sábado, evidenciando a deterioração das relações entre os dois países.
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Mundo Paris
"As famílias que já foram selecionadas podem continuar o seu processo de adoção, tendo o cuidado de seguir as recomendações do Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros", declarou a Agência Francesa de Adoção (AFA) num comunicado citado hoje pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
No sábado, um decreto do Ministério dos Negócios Estrangeiros, publicado no boletim oficial da República, tinha anunciado a suspensão, referindo: "Todos os processos de adoção internacional de crianças que residem habitualmente no Burkina Faso por qualquer pessoa que resida habitualmente em França estão suspensos".
No ano passado, sete crianças do Burkina Faso foram adotadas por cidadãos franceses, perfazendo um total de 268 desde 2008, de acordo com os números avançados pela AFP, citando a agência.
Esta decisão francesa surge num contexto de deterioração das relações entre a França e o Burkina Faso desde que o capitão Ibrahim Traoré chegou ao poder em setembro de 2022 através de um golpe militar, o segundo na antiga colónia francesa em oito meses.
Na semana passada, Paris já tinha confirmado a suspensão de vistos para cidadãos do Níger, Mali e Burkina Faso, e a cooperação cultural francesa nesses países, mas sem afetar em França artistas destes países ou os seus trabalhos.
A suspensão de vistos, medida adotada a 07 de agosto, referiu o executivo francês, "não afeta os titulares aprovados antes dessa data, nem os que residem em França ou noutros países".
Este esclarecimento surgiu depois de uma carta publicada no jornal France Inter, atribuída ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, indicar a suspensão "imediata e sem exceção" de qualquer projeto de cooperação cultural entre uma instituição francesa e uma instituição do Níger, do Mali e do Burkina Faso ou com artistas destes países.
"Não foi decretado o cancelamento de qualquer programação de qualquer artista, de qualquer nacionalidade, nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros ou o Ministério da Cultura o ordenaram", esclareceu o Ministério dos Negócios Estrangeiros, num comunicado citado pela agência de notícias EFE.
O Níger, o Mali e o Burkina Faso, três antigas colónias francesas na África Ocidental, sofreram golpes militares desde 2020, que deram origem a juntas militares, e rejeitam a presença francesa preferindo a cooperação com a Rússia.
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