"Cabe a todos nós revigorar a nossa amizade para que esteja à altura dos desafios deste século XXI", frisou o rei Carlos III no final do primeiro dia de uma visita de Estado sob o desígnio do relançamento da união franco-britânica, após a turbulência causada pelo Brexit.
O monarca falava durante um brinde no jantar de Estado no Palácio de Versalhes, perto de Paris.
Carlos III elogiou o facto de Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, terem iniciado uma renovação das relações entre os dois países, durante uma cimeira franco-britânica em março no Eliseu, a primeira em cinco anos.
Emmanuel Macron agradeceu, por sua vez, ao rei Carlos III pela sua visita de Estado a França, poucos meses após a sua coroação, considerando este "um sinal de amizade e confiança", bem como um "tributo ao passado" comum e uma "garantia do futuro".
"Apesar do Brexit, porque o que nos une vem de tão longe e o senhor está aqui hoje, Sua Majestade, sei que continuaremos a escrever juntos parte do futuro do nosso continente, a enfrentar os desafios e a servir as causas que temos em comum", realçou o Presidente francês a partir do imponente cenário da Galeria dos Espelhos do Palácio de Versalhes.
As relações franco-britânicas "nem sempre foram pacíficas", mas este "movimento de oscilação, esta dança de hesitação contribuiu para entrelaçar os nossos destinos", acrescentou o governante.
"No início do seu reinado, você pode contar com a amizade e o apoio infalível do nosso país, a fim de alcançar uma causa comum para o nosso povo e humanidade", prometeu ainda Emmanuel Macron.
A troca de palavras entre os duas figuras ficou também marcada pela memória da mãe de Carlos III, a rainha Isabel II, que tinha sido recebida para almoçar no mesmo local em 1957 e nutria "o maior carinho pela França", como recordou o filho.
"Pensamos profundamente nela e no príncipe Filipe, ao recebê-los esta noite com a rainha", sublinhou Emmanuel Macron.
O rei contou como a sua mãe, então princesa herdeira, e o seu pai dançaram "até de madrugada" num famoso cabaré parisiense "enquanto Edith Piaf cantava", durante uma visita à França em 1948.
O Rei Carlos III do Reino Unido iniciou hoje uma visita de Estado de três dias a França, destinada a realçar a amizade entre os dois países, depois de a viagem ter sido adiada em março.
A deslocação acontece seis meses depois de ter sido adiada devido à contestação social violenta às reformas das pensões em França, viagem que teria sido a primeira do sucessor de Isabel II ao estrangeiro.
Na quinta-feira, Carlos III vai discursar perante os parlamentares franceses no Senado, e depois juntar-se a Macron junto à Catedral de Notre-Dame para ver os trabalhos de renovação em curso com o objetivo de reabrir o edifício até ao final do próximo ano.
O rei terminará a viagem na sexta-feira com uma paragem em Bordéus, onde vai encontrar-se com pessoas afetadas pelos incêndios florestais de 2022 na região e visitar a Forêt Experimentale, um projeto concebido para monitorizar o impacto do clima nas florestas urbanas, e uma vinha pioneira numa abordagem sustentável da produção de vinho.
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