Líder da Câmara dos Comuns do Canadá desculpa-se. Elogiou militar nazi

Yaroslav Hunka, um antigo combatente ucraniano, que lutou ao lado das tropas nazis na Segunda Guerra Mundial, foi ovacionado no parlamento do Canadá, na sexta-feira.

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© REUTERS/Blair Gable/Pool

Notícias ao Minuto
25/09/2023 19:45 ‧ 25/09/2023 por Notícias ao Minuto

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Canadá

O presidente da Câmara dos Comuns do Canadá, Anthony Rota, apresentou um pedido de desculpas público, depois de homenagear um ucraniano que serviu numa unidade nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

O momento em que questão ocorreu no passado dia 22 de setembro, sexta-feira, durante uma visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao Canadá. Yaroslav Hunka, de 98 anos, estava sentado na galeria do parlamento e acabou por ser aplaudido de pé, depois de Anthony Rota o descrever como um "herói".

"Um herói ucraniano, um herói canadiano, e agradecemos-lhe por todo o seu serviço", disse Rota apontando para Hunka.

No parlamento encontrava-se também Zelensky e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

Face ao sucedido, tal como destaca a imprensa internacional, o grupo judaico CIJA pronunciou-se e disse estar "profundamente perturbado" com a celebração de um veterano de uma unidade nazi, que participou no genocídio de judeus.

Entretanto, o presidente da Câmara dos Comuns do Canadá emitiu uma declaração. "Nas minhas observações após o discurso do presidente da Ucrânia, reconheci um indivíduo na galeria. Subsequentemente, tomei conhecimento de mais informações que me fizeram arrepender da minha decisão de fazê-lo", disse, segundo cita a BBC.

"Ninguém, incluindo os colegas parlamentares e a delegação da Ucrânia, estava ciente da minha intenção ou das minhas observações antes de as proferir. Esta iniciativa foi inteiramente minha, sendo o indivíduo em questão do meu [distrito] de equitação e tendo sido trazido à minha atenção", acrescentou.

"Quero particularmente estender as minhas mais profundas desculpas às comunidades judaicas no Canadá e em todo o mundo. Aceito total responsabilidade pelas minhas ações", completou.

De realçar que, durante a Segunda Guerra Mundial, milhares de ucranianos lutaram ao lado da Alemanha, mas muitos outros serviram no Exército Vermelho, as forças armadas da extinta União Soviética.

Entretanto, a CIJA agradeceu "o pedido de desculpas emitido", algo imperativo para "garantir que um incidente tão inaceitável não ocorra novamente". 

Note-se que a situação levou a que o primeiro-ministro canadiano fosse acusado de também ser responsável pelo incidente, nomeadamente por parte do líder conservador da oposição do Canadá, Pierre Poilievre. Contudo, o gabinete de Trudeau defendeu que a decisão de convidar Hunka foi tomada apenas pelo gabinete do presidente da Câmara dos Comuns, não tendo sido fornecido "nenhum aviso prévio" ao "gabinete do primeiro-ministro, nem à delegação ucraniana, sobre o convite ou o reconhecimento". 

De realçar que também esta segunda-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, criticou o convite do Canadá a Hunka, apelidando a situação de "ultrajante".

"Muitos países ocidentais, incluindo o Canadá, criaram uma geração jovem que não sabe quem lutou contra quem ou o que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial. E não sabem nada sobre a ameaça do fascismo", disse Peskov.

Segundo indica a imprensa internacional, Hunka serviu na 14.ª Divisão de Granadeiros Waffen-SS, uma unidade de voluntários sob o comando nazi, durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Hunka serviu na 14.ª Divisão de Granadeiros Waffen-SS, também conhecida como Divisão da Galiza – uma unidade voluntária composta maioritariamente por ucranianos étnicos sob o comando nazi.

Leia Também: "Boa notícia". Zelensky anuncia chegada de tanques de guerra Abrams

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