Conselho de Segurança da ONU aprova envio de força do Quénia para o Haiti

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aprovou hoje o envio de uma força multinacional para o Haiti liderada pelo Quénia para ajudar a combater os gangues violentos que têm lançado o caos no país caribenho.

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Lusa
02/10/2023 22:06 ‧ 02/10/2023 por Lusa

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A resolução elaborada pelos Estados Unidos da América (EUA) foi aprovada com 13 votos a favor dos 15 membros do Conselho de Segurança e registou duas abstenções: da Rússia e da China.?

A resolução autoriza o destacamento da força por um ano, com revisão após nove meses. Esta será a primeira vez que uma força será enviada ao Haiti desde uma missão aprovada pela ONU há cerca de 20 anos.

A data de envio não foi definida, embora o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, tenha dito recentemente que uma missão de segurança ao Haiti poderia ser enviada "dentro de meses".

Entretanto, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Quénia, Alfred Mutua, disse à rede BBC que a força já deverá estar no Haiti até 01 de janeiro de 2024, "se não antes disso".

Não ficou imediatamente clara a dimensão da força. O Governo do Quénia propôs anteriormente o envio de 1.000 agentes policiais. Além disso, a Jamaica, as Bahamas e Antígua e Barbuda também se comprometeram a enviar pessoal.

No mês passado, a administração do Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu fornecer logística e 100 milhões de dólares (95,4 milhões de euros) para apoiar a força liderada pelo Quénia.

O representante da Federação Russa, Vasily Nebenzya, disse não ter quaisquer objeções de princípio à resolução, mas disse que enviar uma força armada para um país, mesmo que a pedido do próprio, "é uma medida extrema que deve ser pensada".

O diplomata russo disse que vários pedidos de detalhes, incluindo o uso da força e quando ela seria retirada, "ficaram sem resposta" e criticou o que disse ter sido uma decisão precipitada. 

"Autorizar outro uso da força no Haiti... é ter a visão limitada" sem os detalhes solicitados pela Federação Russa, argumentou.

Já o representante da China, Zhang Jun, disse esperar que os países que lideram a missão realizem consultas aprofundadas com as autoridades haitianas sobre o envio da força de segurança, acrescentando que um "Governo legítimo, eficaz e responsável" precisa estar em vigor no Haiti para que qualquer resolução tenha efeito.

O diplomata chinês também disse que a resolução não contém um cronograma viável ou confiável para o envio da força.

A intervenção internacional no Haiti tem uma história complicada. Uma missão de estabilização ao Haiti aprovada pela ONU, iniciada em junho de 2004, foi marcada por um escândalo de abuso sexual e pela introdução da cólera. A missão chegou ao fim em outubro de 2017.

Os críticos de uma missão liderada pelo Quénia também notaram que a polícia desse país africano é há muito acusada de usar tortura, força letal e outros abusos. Altos responsáveis ??quenianos visitaram o Haiti em agosto, no âmbito de uma missão de reconhecimento, enquanto os Estados Unidos trabalhavam num projeto de resolução.

A votação ocorre quase um ano depois de o primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, e 18 altos funcionários do Governo terem solicitado o envio imediato de uma força armada estrangeira, enquanto o executivo nacional lutava para controlar gangues e o aumento de homicídios, violações e sequestros.

De 01 de janeiro a 15 de agosto deste ano, mais de 2.400 pessoas no Haiti foram mortas, mais de 950 sequestradas e outras 902 feridas, de acordo com as estatísticas mais recentes da ONU.

[Notícia atualizada às 22h08]

Leia Também: Haiti. Conselho de Segurança da ONU votará envio de força internacional

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