Angola. UNITA condena detenção "ilegal" de líder da oposição ugandesa

O maior partido da oposição angolana, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), condenou hoje a detenção em Kampala do líder da oposição do Uganda, Bobi Wine, que classificou como "ilegal".

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Lusa
06/10/2023 20:31 ‧ 06/10/2023 por Lusa

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Angola

Em comunicado do Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política, a UNITA refere que "tomou conhecimento das notícias vindas do Uganda sobre a detenção ilegal" de Bobi Wine, presidente do Partido da Unidade Nacional (NUP, na sigla em inglês), depois de ter participado numa conferência na África do Sul.

"O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA condena firmemente este tipo de práticas autoritárias que minam a democracia no nosso continente, África. Manifestamos a nossa total solidariedade para com o presidente Bob Wine e apelamos à sua libertação imediata e sem quaisquer condições", acrescenta-se na nota.

O comunicado termina com o apelo às autoridades ugandesas para que façam "regressar imediatamente" aos quartéis os efetivos militares que cercam a residência de Wine.

O líder da oposição ugandesa, o ex-cantor Robert Kyagulanyi, mais conhecido pelo nome artístico Bobi Wine, foi detido quinta-feira após regressar da África do Sul.

Por seu lado, o próprio Wine indicou mais tarde, através das redes sociais, que se encontrava "em prisão domiciliária".

"A nossa casa continua cercada pela polícia e pelo exército. Impediram (o acesso) à maior parte do nosso povo para nos cumprimentar. Há pouco, lançaram gás lacrimogéneo e munições reais para os dispersar (...) Um regime criminoso em pânico", relatou Wine.

Num vídeo publicado nas redes sociais, o líder da oposição ugandesa afirmou ter sido colocado, após aterrar no país, num "carro militar com muitos soldados e polícias, mais de 15 pessoas (...) o que foi muito humilhante e desconfortável".

Wine lamentou ainda que vários jornalistas tenham sido "espancados", detidos e o seu material confiscado enquanto cobriam os acontecimentos.

Em meados de setembro, a polícia ugandesa anunciou a proibição de comícios organizados pelo partido de Wine, de 41 anos, até nova ordem, invocando preocupações com a manutenção da ordem pública.

O Presidente do Uganda é Yoweri Musevini, que governa o país desde 1986 e foi reeleito em janeiro de 2021 após um período eleitoral marcado pelo desaparecimento de centenas de apoiantes da oposição, protestos dispersos com munições reais pelas forças de segurança e pelo menos 54 manifestantes mortos.

O líder da oposição foi também detido durante a campanha eleitoral.

Em fevereiro de 2022, a delegação da União Europeia (UE) no Uganda manifestou a sua preocupação com as alegações de tortura e outras violações dos direitos humanos no país da África Oriental, dois dias depois de um conhecido escritor ter publicado fotografias dos ferimentos sofridos durante a sua detenção pela polícia.

Leia Também: UNITA defende "alargada revisão constitucional" que exclua manter o poder

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